Impacto do uso do American College Of Radiology Thyroid Imaging Reporting And Data System (ACR TI-RADS) no desempenho das punções aspirativas com agulha fina de nódulos de tireoide

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Strieder, Débora Lunkes
Orientador(a): Scheffel, Rafael Selbach
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/214027
Resumo: Nódulos de tireoide são uma condição clínica prevalente, principalmente na população feminina. Nas últimas décadas, em função do avanço e maior disponibilidade dos métodos de imagem, houve um aumento da incidência de nódulos tireoidianos, na maioria dos casos diagnosticados incidentalmente. A ultrassonografia tem papel fundamental na caracterização dos nódulos ao apontar critérios suspeitos de malignidade, avaliar os linfonodos cervicais adjacentes, guiar a punção aspirativa com agulha fina (PAAF) e realizar o seguimento pós-operatório. Múltiplos sistemas de classificação surgem na tentativa de homogeneizar a avaliação, aumentar a predição de malignidade e orientar condutas. O Colégio Americano de Radiologia (American College of Radiology, ACR), baseando-se em outros sistemas de classificação já largamente utilizados e consolidados como o Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS) para avaliação de nódulos mamários, criou o Thyroid Imaging Reporting and Data System (TI-RADS) para nódulos de tireoide. A partir de cinco características ecográficas (composição, ecogenicidade, forma, margem e focos ecogênicos) estabelece um sistema de soma de pontos para estes achados e cria cinco categorias (TI-RADS 1 ao TI-RADS 5). Se espera uma relação linear entre o escore de pontuação do ACR TI-RADS e as taxas de malignidade. Estudos recentes demonstram redução das taxas de PAAF, de forma segura, ao aplicar esta classificação. Validar escores ultrassonográficos aumenta a aplicabilidade clínica destes sistemas de pontuação e torna a abordagem conservadora mais segura. No presente estudo, analisamos retrospectivamente 1390 nódulos de pacientes que realizaram PAAF na Unidade de Tireoide do Hospital de Clínicas. 12 Destes, foram excluídos 346 nódulos que não tinham imagens disponíveis para classificação. Dos 1044 nódulos analisados, 924 (88,6%) foram em mulheres e a média de idade da amostra foi de 56 ± 18,5 anos. Em relação às características ultrassonográficas: a) composição - a maioria dos nódulos eram mistos (592; 56,7%), seguidos pelos nódulos sólidos (438, 42%); b) ecogenicidade - a maioria (776, 74%) é isoecogênico; c) forma – grande parte deles mais largos que altos (1006, 96,4%); c) margens lisas em 800; 76,6%; d) focos ecogênicos - somente 76 nódulos (7,2%) apresentaram focos ecogênicos puntiformes. Quanto às dimensões, a média do maior diâmetro dos nódulos avaliados foi de 2,8 cm. Ao classificarmos nas categorias, a maioria dos nódulos foi ACR TI-RADS 2 (524, 50,2%). Seguindo as recomendações do ACR TI-RADS, 730 (69,9%) dos nódulos não se enquadrariam nos critérios de PAAF. Os dados ultrassonográficos foram correlacionados com a análise citopatológica através do Sistema Bethesda de classificação e com o diagnóstico anatomopatológico nos 183 casos submetidos a cirurgia. A taxa de malignidade teve relação linear com a classificação ACR TI-RADS, sendo maior nos pacientes com ACR TI-RADS 5 (35; 41,1%) e menor nos pacientes com ACR TI-RADS 2 (4; 0,7%). A taxa de falsos negativos foi de 2,3% (17 nódulos). Ressalta-se, no entanto, que quando individualizados estes casos, quase metade (47,0%) permaneceriam em seguimento com avaliações ultrassonográficas, segundo as recomendações do ACR TI-RADS. Ainda, ao analisarmos a performance do ACR TI-RADS, o valor preditivo negativo da nossa amostra foi similar ao de outros estudos, com melhor desempenho nos valores de especificidade e acurácia, possivelmente relacionado ao maior tamanho da amostra. As limitações do estudo foram 13 principalmente relacionadas ao desenho retrospectivo do estudo (classificação foi realizada através de imagens estáticas e perda de um grupo de pacientes que não tinha a imagem disponível) e por analisar pacientes submetidos a PAAF, que por si pertencem ao subgrupo que apresenta maior risco de malignidade. Em suma, nosso estudo permitiu observar que com a implementação do ACR TI-RADS há uma redução significativa no número de PAAF, mantendo bons níveis de especificidade e acurácia. Além disso, a taxa de falsos negativos foi similar à classificação da American Thyroid Association (ATA), até então utilizada para a indicação de PAAF no serviço. Desse modo, a implementação do ACR TI-RADS na prática clínica deve ser encorajada, uma vez que reduzirá a realização de procedimentos desnecessários.