Do barro ao bamburro : relações entre a paisagem e a distribuição local de mamíferos e aves no Pantanal, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Coelho, Igor Pfeifer
Orientador(a): Oliveira, Luiz Flamarion Barbosa de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150709
Resumo: A relação entre a paisagem e a distribuição da ocorrência e abundância das espécies no espaço é uma das questões centrais em ecologia, com importantes aplicações diretas em tempos de intenso uso da terra e mudanças climáticas por atividades humanas. Contudo, para inferirmos sobre essas relações, temos que descrever a paisagem da forma mais próxima possível de como as espécies realmente a percebem. Uma paisagem pode ser descrita em diferentes níveis hierárquicos de organização do ambiente (e.g. quantidade de um mineral no solo, número de plantas em uma parcela, área de cobertura de floresta...), e cada nível pode ser descrito em diferentes escalas (resolução e extensão de descrição). Os níveis e escalas com maior poder de previsão da ocorrência/abundância de uma espécie são chamados de nível de efeito e escala (extensão) de efeito. Nesta tese, utilizo armadilhas fotográficas e modelos hierárquicos para avaliar relações entre a paisagem e espécies de mamíferos e aves. Meus objetivos são: (1) avaliar se existe relação entre nível e extensão de efeito para prever a abundância de espécies e a área de vida ou massa das mesmas; (2) investigar características do solo que possam ser determinantes da distribuição de mamíferos e aves que consumem solo (geofagia); e (3) a partir de ralações espécie-paisagem, estimar a distribuição da densidade de uma espécie, o veado-catingueiro, para diferentes datas. Não há suporte para que a área de vida ou a massa de uma espécie sejam relevantes para o nível ou extensão em que uma paisagem deva ser descrita a fim de prever a abundância de uma espécie. Isso implica na importância de se avaliar diferentes níveis e extensões de uma paisagem quando na busca por relações espécie-paisagem. Fatores locais, como a argila ou minerais do solo, podem ser importantes para algumas espécies. Descobri que o veado-mateiro e o caititu selecionam solos para consumo com base na quantidade e tipo de argila. O caititu também seleciona solos com base na concentração de microminerais, assim como a juriti-azul, a arara-azul-grande, o mutum, o aracuã e a pomba-galega. Uma descrição da paisagem em nível de composição do solo pode ser relevante para avaliar a distribuição destas e outras espécies. Relações espécie-paisagem podem ser usadas para prever a abundância de espécies no espaço. Estimei a densidade do veado-catingueiro em 1992 (2,07 ind/km2) e em 2011 (7,31 ind/km2), para uma região de pecuária extensiva no nordeste do Pantanal onde foi criada uma reserva em 1997. A densidade desta espécie aumentou 3,5 vezes entre 1992 e 2011, com o fim da pecuária no local. Investigações multinível e multiescala de relações espécie-paisagem ainda são incipientes, embora importantes aplicações destas relações já venham sendo feitas há décadas.