Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Roth, Lionel |
Orientador(a): |
Lorscheitter, Maria Luisa |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/234374
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Resumo: |
Foi realizado estudo palinológico em perfis sedimentares no interior de duas matas tropicais paludosas, pela primeira vez no extremo norte da Planície Costeira do Rio grande do Sul, visando entender a dinâmica da vegetação e do clima durante os últimos milênios. As matas estão no município de Torres, com latitudes semelhantes: Faxinal (29º21ºS - 49º45ºW), a cerca de 2 km da linha de costa, e Pirataba (29º15ºS - 49º51ºW), mais interiorizada, a cerca de 17 km da primeira. Usou-se o Amostrador de Hiller para a coleta dos perfis e das amostras para datação por 14C (cinco datações por perfil). Para a análise palinológica retiraram-se 47 amostras do perfil do Faxinal (612 cm) e 24 amostras do perfil de Pirataba (254 cm), cada uma com 8 cm3 , tratadas com HF, HCl, KOH e acetólise. Previamente adicionaram-se pastilhas de Lycopodium clavatum a cada amostra para cálculo da taxa de acumulação polínica. A montagem das lâminas foi feita em gelatina glicerinada. Em microscópio óptico foi contado um número mínimo de 300 grãos de pólen e 100 esporos de L. clavatum em cada amostra, com contagem paralela de todos os demais palinomorfos. Foram encontrados 133 táxons na soma dos dois perfis (13 fungos, nove algas, três briófitos, 29 pteridófitos, três gimnospermas, 65 angiospermas e 11 palinomorfos outros). O material foi identificado e agrupado por ambiente ou por grupo taxonômico. Para os diagramas palinológicos usaram-se os programas Tilia e Tilia Graph, e para a análise de agrupamentos o programa CONISS. Em Pirataba a análise dos resultados revelou, entre 24000 - 10000 anos AP, um clima frio e seco, com escassez vegetal, campos esparsos e pequenos agrupamentos de espécies arbóreas e herbáceas, ocupando locais um pouco mais úmidos. Os escassos elementos de Mata Atlântica, presentes nesta fase, permitem considerar uma possível migração norte-sul pela “Porta de Torres” em alguma fase mais amena do último estádio glacial. Entre 10000 - 8000 anos AP os registros de Pirataba mostram uma elevação da temperatura e umidade, com pequeno desenvolvimento da mata em agrupamentos arbóreos, e um leve adensamento do campo. Um declínio da umidade, entre 7000 - 6700 anos AP, tornou o clima um pouco mais seco em Pirataba, com leve retração da mata e do campo, não evidenciada no Faxinal devido à ampla transgressão marinha sobre o corpo lacustre existente no local neste intervalo. A partir de 6700 em Pirataba ocorre o retorno acentuado da umidade, com desenvolvimento da mata local, o que deve ter acontecido também em outras áreas não atingidas pela transgressão, e beneficiadas pela migração leste-oeste de elementos da Mata Atlântica. Uma diminuição de palinomorfos marinhos no Faxinal, entre 6700 - 5500 anos AP, certamente é resultante da regressão do mar. Ao mesmo tempo, a diminuição do pântano herbáceo, da mata e da vegetação campestre deve ser resultante da salinização do solo, enquanto em Pirataba a mata continuava seu desenvolvimento. A ausência de elementos marinhos no Faxinal, entre 5500 - 3500 anos AP, evidencia condições gradativamente mais adequadas à uma nova colonização vegetal, com progressiva dessalinização do solo. A partir de 3500 anos AP no Faxinal ocorre à expansão da vegetação nos terrenos já dessalinizados, e o solo passa a acumular mais sedimentos orgânicos. O desenvolvimento da mata nesta fase possivelmente deve ter sido influenciado pela possível migração, agora oeste-leste, de elementos da Mata Atlântica. Grande e progressivo desenvolvimento das matas do Faxinal e de Pirataba é registrado a partir dos últimos 1500 anos, indicando maior aporte de umidade e elevação da temperatura, com pouca influência antrópica. Assim, devido à transgressão marinha, a mata do Faxinal é mais jovem que a de Pirataba, o que deve refletir um evento regional, também detectado por outros autores em estudos na Planície Costeira ao sul de Torres. |