Dinâmica da vegetação dos últimos milênios no extremo sul da planície costeira do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Masetto, Ebráilon
Orientador(a): Lorscheitter, Maria Luisa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/247718
Resumo: Foi desenvolvido um estudo palinológico num perfil sedimentar de um afloramento no extremo sul da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, sul do Brasil. Esta pesquisa, inédita para o extremo sul da Planície Costeira do Estado, teve como objetivo obter informações sobre a dinâmica da vegetação local e regional, as mudanças no clima e as oscilações no nível do mar durante os últimos milênios. O local estudado situa-se em uma praia de Hermenegildo, município de Santa Vitória do Palmar, 2 km ao norte da Barra do Chuí. Foram coletadas 26 amostras de um perfil de 140 cm, mais cinco amostras para datação radiométrica, ao longo de um afloramento argiloso. As amostras para análise palinológica foram processadas seguindo metodologia padrão em palinologia, envolvendo HCl, HF, KOH e acetólise. Pastilhas de Lycopodium clavatum L. foram introduzidas no início do processamento químico para cálculo da taxa de acumulação polínica. As lâminas foram montadas em gelatina-glicerinada e analisadas em microscópio óptico. Para cada amostra, foi contado um número mínimo de 300 grãos de pólen regional e 100 esporos de L. clavatum, além da contagem paralela de todos os demais palinomorfos. O material foi identificado com caracterização da morfologia, incluindo fotomicrografias, em geral em aumento de 1000× e, sempre que possível, dados ecológicos dos organismos relacionados. Os palinomorfos foram separados por ambiente de origem ou por grupo taxonômico. Para montar os diagramas polínicos foram utilizados os programas Tilia e Tilia Graph e, para a análise de agrupamentos, o programa CONISS. Foram encontrados e identificados 117 palinomorfos correspondentes a 25 fungos, oito algas, três acritarcas, três briófitos, 12 pteridófitos, três gimnospermas, 54 angiospermas e nove palinomorfos outros. As idades obtidas com cinco datações radiométricas foram: 5470±30 AP (6290 cal. AP); 2590±60 AP (2780 cal. AP); 2310±30 AP (2345 cal. AP); 1790±30 AP (1725 cal. AP); 1760±50 AP (1820 cal. AP). Os resultados indicam a sucessão vegetal em um corpo d’água costeiro no intervalo entre cerca de 7500–1760 AP, dividido em três fases principais: 1) 7500–4000 AP: fase marinha transgressiva, também com registros de organismos aquáticos de água doce, apontando um corpo d’água no local de estudo, e um pântano herbáceo se desenvolvendo nas zonas marginais. A ingressão do mar é indicada pela presença de organismos marinhos, especialmente entre 6000–5000 AP, máximo transgressivo. Regionalmente, tudo indica que a vegetação é dominada por campos secos e pequenos capões de mata dispersos; 2) 4000–2000 AP: fase marinha regressiva, com aumento do registro de organismos de água doce devido à elevação da pluviosidade. Dados apontam grande aumento de indicadores de pântano herbáceo nesta fase, evidenciando colmatação gradativa do corpo d’água, paralela à dessalinização dos terrenos e ao desenvolvimento da vegetação regional; 3) 2000–1760 AP: com a retirada do mar no local de estudo, há cerca de 2000 AP, e dessalinização progressiva, o pântano herbáceo se desenvolve. Novo registro marinho aparece próximo ao final desta fase. Regionalmente, campo e mata também se desenvolvem, indicando melhoria climática. A sucessão vegetal local cessa na fase de pântano herbáceo, há cerca de 1760 AP, pelo recobrimento do pacote sedimentar por areias praiais. Este estudo evidenciou, portanto, etapas da hidrossere em um corpo d’água costeiro, influenciadas por oscilações eustáticas, com dessalinização e colmatação gradativa que culminam em um pântano herbáceo. Os resultados podem ser estendidos a vários outros pacotes sedimentares semelhantes, espalhados pela Planície Costeira do extremo sul do Brasil. Também corroboram e complementam aqueles obtidos em latitudes menores da Planície Costeira do Rio Grande do Sul.