Tornozeleiras eletrônicas no cotidiano brasileiro : os arranjos de uma infraestrutura de vigilância penal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lancellotti, Helena Patini
Orientador(a): Fonseca, Claudia Lee Williams
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/225535
Resumo: A tornozeleira eletrônica é a principal tecnologia utilizada no Brasil para monitorar o comportamento de presos e presas fora do espaço de uma penitenciária. Trata-se de um objeto acoplado no tornozelo que carrega promessas como redução de custos, diminuição da população carcerária e aumento de chances para a ressocialização. Nesta tese, analisamos as tornozeleiras eletrônicas como arranjos e adaptações entre elementos humanos e não humanos compondo uma infraestrutura de vigilância penal. O objetivo deste trabalho é compreender as performances das tornozeleiras eletrônicas engendradas através das relações que ocorrem em distintas escalas e temporalidades, tendo como pano de fundo as cidades de Porto Alegre/RS e Curitiba/PR. Para compreender o que circula nesta infraestrutura de vigilância penal e como se produz este objeto, realizei um trabalho de campo multisituado incluindo a observação de audiências judiciais, o acompanhamento do cotidiano de agentes e técnicos penitenciários em uma divisão/central de monitoração e no espaço de instalação/manutenção de tornozeleiras eletrônicas, conversas com pessoas monitoradas e membros de suas redes familiares e a etnografia de um processo penal. Distante de uma ideia de infraestrutura enquanto um sistema coeso, adentrar no funcionamento dessa infraestrutura de vigilância penal possibilitou olhar para os esforços constantes exigidos para a constituição e manutenção da tornozeleira eletrônica, para as múltiplas temporalidades e escalas que envolvem o trabalho de vigiar, para as categorizações imbricadas no sistema digital e para o trabalho de reformulação de subjetividades. Além disso, olhar para o uso desta tecnologia na vida cotidiana das pessoas monitoradas e suas famílias permitiu compreender os distintos usos das tornozeleiras e as soluções imprevistas que nem sempre são contrários às propostas veiculadas nesta infraestrutura. Com esta pesquisa, busco contribuir para o campo da Antropologia da Infraestrutura, aprofundando a reflexão sobre as conexões entre objetos, vigilâncias, tecnologias de governo, pessoas e os efeitos contingentes dessas relações.