Caracterização clínica, laboratorial e microbiológica da infecção no trato urinário em cães com hiperadrenocorticismo espontâneo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Machado, Leticia
Orientador(a): Diaz Gonzalez, Félix Hilário
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/235364
Resumo: O hiperadrenocorticismo é a endocrinopatia mais frequente em cães de meia idade a idosos, e a exposição crônica destes pacientes aos efeitos da hipersecreção de cortisol pelas glândulas adrenais pode trazer uma série de complicações clínicas e comorbidades associadas aos desequilíbrios metabólicos e imunossupressão. Dentre estas complicações, pode-se citar a infecção do trato urinário (ITU) que, segundo a literatura, acomete em torno de 50% dos cães com HAC. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar o perfil clínico, laboratorial e microbiológico da ITU em cães acometidos e não acometidos pelo HAC, bem como estabelecer a prevalência atual de ITU em cães com HAC. Coletou-se 101 amostras de urina de 74 cães com HAC ou suspeita de ITU, que foram submetidos a avaliações clínicas, laboratoriais, hormonais e ultrassonográficas, posteriormente divididos em quatro grupos: HAC recém diagnosticado (HAC RD – n=27), HAC com fraco controle clínico e laboratorial com tratamento (HAC CF – n=21), HAC com bom controle com tratamento (HAC BC – n=34) e grupo Controle (n=19 – cães sem HAC e com alterações clínicas, laboratoriais e de exame de imagem sugestivas de ITU ). Todos pacientes foram submetidos a coleta de urina por cistocentese guiada por ultrassom para cultura e identificação bacteriana, quando positiva, pelo método MALDITOF. Houveram 21 culturas positivas somando-se todos os grupos. A prevalência de ITU em cães com HAC foi de 14,6% (12/82), sendo que somente 4,82% (4/82) destes pacientes aprestou sinal clínico. A prevalência de ITU no grupo HAC RD foi de 14,8% (4/27), no grupo HAC CF foi de 9,52% (2/21), no grupo HAC BC foi de 17,6% (6/34) e no grupo Controle foi de 47,4% (9/19). Houve relação significativa (p=0,005) entre contagem de linfócitos abaixo de 1500 células/μL e resultado de cultura positiva (ITU), bem como houve relação significativa (p=0,001) entre baixa densidade urinária e resultado de cultura positiva (ITU). Também houve diferença significativa (p=0,034) entre o grau de controle do HAC e a manifestação de leucocitúria no sedimento urinário. O microrganismo mais frequentemente encontrado nas ITU foi a Escherichia coli. Não houve diferença significativa (p=0,139) entre a presença e/ou o grau de controle do HAC e o grupo bacteriano causador de ITU, da mesma forma que não houve diferença significativa no perfil de sensibilidade aos antimicrobianos pelas bactérias presentes nas ITU de cada grupo (p>0,05). Conclui-se que atualmente a prevalência de ITU em cães com HAC é menor do a descrita na literatura, provavelmente devido ao diagnóstico cada vez mais precoce. No entanto, a prevalência de ITU subclínica foi considerada elevada mesmo em pacientes com HAC bem controlado. Linfopenia, densidade urinária baixa e HAC mal controlado são fatores predisponentes a ITU por justificarem baixa competência imunológica vesical. A presença de HAC, bem como o seu grau de controle, não está correlacionado com o perfil bacteriológico presente nas ITU, bem como com o padrão de sensibilidade aos antimicrobianos pelas bactérias causadores dessa infecção.