Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir : a construção do personagem Tim Maia e a indústria cultural no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Kapp, Mariana Sbaraini
Orientador(a): Leite, Carlos Augusto Bonifácio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/233715
Resumo: Esta dissertação de mestrado aborda a relação de Tim Maia com a indústria cultural no Brasil. Ele sempre foi visto como um cantor romântico, brega; porém, ao mesmo tempo, ao longo dos anos, construiu-se a ideia de uma pessoa explosiva, rebelde. Ele também transitou em diversos lugares da indústria: ficou fora dela em momentos importantes, como no surgimento dos festivais, da Tropicália e da Jovem Guarda; entrou para o mercado a partir de uma cena de outsiders, que foi a soul music brasileira; e ocupou um dos lugares mais dinâmicos, no início dos anos 1970, lançando discos repletos de hits e colocando canções em trilhas de novelas. Quando estava no auge de sua carreira, entrou para um movimento religioso e se tornou um dos primeiros artistas independentes do país. Todas essas etapas de sua trajetória coincidem com o surgimento e com a consolidação da indústria cultural em nosso país. Além dessa personalidade controversa, também existe um procedimento, em sua dicção, muito interessante, que é a repetição de bases iguais em músicas diferentes. Isso posto, este trabalho foi construído com base nas seguintes perguntas: como a construção de sua imagem de artista se relaciona com a consolidação da indústria cultural no Brasil? Com base em seu comportamento singular em relação à indústria cultural, podemos definir que Tim Maia é um artista pop ou marginal? Há uma relação entre as repetições e a construção de sua persona? Para responder a essas questões, abordei conceitos teóricos sobre a indústria cultural e a música como mercadoria, a partir da perspectiva de alguns teóricos da Escola de Frankfurt, como Theodor Adorno e Walter Benjamin. Também estudei momentos marcantes da biografia do cantor, relacionando-os a períodos da indústria fonográfica brasileira e à composição de canções de determinadas épocas. Por fim, analisei as canções “Azul da Cor do Mar” (1970) e “Se me Lembro Faz Doer” (1978), que são versões uma da outra. Como resultado, ficou claro que a imagem de Tim Maia foi ressignificada ao longo do tempo e adquiriu o rótulo de “cult”, o que torna coesa a dicotomia em torno de sua figura. Sua movimentação contraditória e as repetições em sua obra mostram que ele compreendeu e assimilou procedimentos da indústria cultural em sua dicção. Portanto, mesmo encontrando alguns limites, isso indica que Tim não era só esse artista inconsequente, mas foi um mestre na periferia da indústria cultural.