Dádiva, mercadoria e pessoa : as trocas na constituição do mundo social Mbyá-Guarani

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Assis, Valéria Soares de
Orientador(a): Fonseca, Claudia Lee Williams
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/12759
Resumo: Esta tese é um estudo etnográfico sobre como os Mbyá, grupo Guarani do leste do Rio Grande do Sul, concebem, usam e trocam seus bens materiais. O objetivo é analisar, à luz das abordagens contemporâneas sobre a teoria da dádiva e da antropologia do consumo, as relações sociais imbricadas na utilização e trocas de objetos, sua cultura material. Os objetos trocados pelos Mbyá podem ser classificados como objeto ritual, artesanato e mercadoria. Esses objetos circulam em uma série de transações, ora pautadas na troca do tipo dadivosa, ora na troca comercial. A partir da descrição e análise etnográficas, este trabalho procura entender como se manifestam essas trocas, explorando os conceitos nativos, como jopói (troca, trocar) e –vende (vender), comparando-os às noções clássicas de dádiva e mercadoria e identificando suas aproximações e distinções. Concomitantemente, buscou-se, na exploração desses conceitos, perceber as características das relações sociais imbricadas em cada modalidade de troca, e como elas participam da produção e reprodução social e do ethos Mbyá. Um dos principais valores morais que prescrevem as trocas entre os grupos locais é o mborayu (reciprocidade, generosidade). Através das trocas de objetos é possível compreender como o conceito de mborayu perpassa e se atualiza nos campos da identidade, estética, gênero, pessoa, vida social e ritual. As trocas de objetos evidenciam que a produção e reprodução local exigem a incorporação de elementos do Outro. A hipótese é que as distintas categorias de troca expressam diferenças na significação do que e de quem é incorporado. Por outro lado, há as categorias de troca que impelem a produção de si para fora. Há assim, uma via dupla que busca, ao mesmo tempo, produzir uma identidade para dentro com a incorporação de partes do Outro, e outra, que produz uma identidade para fora, elaborada com partes do Mesmo.