Fragmentos de um discurso biográfico : poéticas, políticas e devorações do biografema na comunicação contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Abreu, Luis Felipe Silveira de
Orientador(a): Silva, Alexandre Rocha da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/172944
Resumo: A partir da difusão e fragmentação das escritas de vida pela Comunicação no contemporâneo, esta dissertação busca discutir tal fenômeno à luz do conceito de biografema, conforme elaborado por Roland Barthes. Propomos que as narrativas midiáticas vêm praticando um resgate e um desgaste de tal forma semiótica, calcada na descrição de detalhes e pequenas idiossincrasias de suas personagens – jogo de enunciação biográfica visível desde sua formalização com Plutarco, no Século X, até a corrente definição de espaço biográfico, fendido pelo crescente interesse em detalhamentos e escritas menores. Identificado tal cenário em dispersão, a pesquisa tomou como seu objetivo geral distinguir os usos do biografema pelos discursos comunicacionais contemporâneos por meio do mapeamento de suas diversas funções semióticas, observáveis na análise de fragmentos narrativos. Tal distinção é organizada aqui, metodologicamente, a partir da arqueologia de Michel Foucault, na tentativa de localizar os regimes de dizibilidade que instauram e modelam as formas semióticas de enunciação da vida e o modo como se alteram em seu trânsito. Desse painel, partimos para uma observação de certas escrituras concretas capazes de encarnar as forças formativas, levando a uma investigação sobre discursos midiáticos como Caetano estaciona carro no Leblon nesta quinta-feira e Bela, recatada e ‘do lar’, contrapostos ao dispositivo crítico dos livros Anjo noturno, Inverdades, La literatura nazi en America, O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro, Um homem burro morreu, Vida e Vésperas. Desmontados a partir da sua enunciação de traços biografemáticos, tais textos são remontados em nossa análise a partir da identificação de três estratégias semióticas que animam a circulação do biográfico pelos meios de comunicação. Foi possível ler aí três principais usos estratégicos a modelizar a palavra biografemática: a palavra de ordem, voltada a tomar a descrição do biografado como realização de injunções de poder; a palavra mítica, forma de organização sígnica específica desse uso, dedicada a naturalizar os intuitos estratégicos a que serve; e a palavra fágica, que apropria para a mídia a forma crítica do biografema, mas também opera o movimento inverso, reiniciando essa semiose. Na disposição dessas formas de lidar com os traços biografemáticos, podemos inferir o caráter volátil da linguagem envolvida na constituição do biografema e das biografias; linguagem cujo uso desvela uma condição parasita da Comunicação, estruturada pela produção de signos e de regimes poéticos e políticos.