Governando mulheres e crianças : jardins de infância em Porto Alegre na primeira metade do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Felipe, Jane
Orientador(a): Louro, Guacira Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/246318
Resumo: Esta tese tem por objetivo analisar os discursos veiculados por algumas das principais revistas pedagógicas e livros que circulavam em Porto Alegre na primeira metade do século XX, visando estabelecer prescrições sobre a formação das crianças e de suas famílias (especialmente em relação às mulheres). Analiso de que forma tais fontes manejavam as questões de gênero na formação de meninas e meninos, acionando mecanismos para controlar seus corpos, palavras, gestos e sexualidade. Neste processo de formação envolvendo a infância, ressalto o surgimento e consolidação dos Jardins de Infância como espaços educacionais modernos voltados para a criança pequena, fazendo parte de um amplo processo de escolarização que começou a se delinear por volta do século XVIII, construindo uma nova ordem social. Desta forma, os Jardins de Infância se constituíram em importantes espaços de observação, experimentação e produção de saberes sobre a infância, produzindo assim estratégias para lidar com as crianças a fim de melhor governá-las. Alio-me nesta pesquisa às contribuições dos Estudos Feministas recentes, recorrendo a autoras e autores cujos trabalhos se alinham à perspectiva pós-estruturalista de análise, por entender que estes estudos têm aberto possibilidades significativas para a compreensão dos processos de formação de meninas e meninos sob a ótica das relações de gênero. Os resultados desta pesquisa mostram uma indissociabilidade entre os discursos voltados para as crianças e para as mulheres, em especial para as mães. Os discursos que ressaltavam a educação feminina objetivando seu preparo para as funções domésticas e maternas foram produzidos a partir de um ótica masculina e tiveram grande circulação na primeira metade do século XX, em vários centros urbanos, inclusive em Porto Alegre. Elas deveriam assumir a tarefa de educadoras da prole e servir de sustentáculo moral e afetivo do lar, sendo alvo de um controle e vigilância permanentes. Governar as mães significava governar as crianças, o que possibilitava, em última análise, um exercício constante de poder sobre a família e a sociedade.