Paradoxos de uma modernidade longínqua : Le Corbusier e o imaginário urbano corbusiano - uma análise de suas interações com o Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Cabral, Gilberto Flores
Orientador(a): Pesavento, Sandra Jatahy
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/148800
Resumo: Este trabalho enfoca o processo de intercâmbio ocorrido entre Le Corbusier e os arquitetos modernistas brasileiros agrupados em torno de Lúcio Costa, enquanto significativo exemplo de troca cultural no marco da modernidade . A análise centra-se nos projetos urbanísticos como modalidades do imaginário moderno, carreando, em suas imagens e idéias, significados muito além dos propósitos específicos e pragmáticos que os justificam. Os projetos excepcionais e exemplares com referência no urbano são tomados como verdadeiras elaborações de sonhos, desejos de p.rogresso e coesão social, voltados a induzir e representar um futuro imaginário coletivo. Reconhece-se nestes projetos traços da utopia como discurso que coloca no espaço alternativas de um devir social, considerando-se as transformações do discurso utópico a partir do iluminismo, no sentido de busca ativa de realização de estados sociais desejáveis . As três viagens deLe Corbusier ao Brasil, em 1929, 1936 e 1962, e as intensas relações desse com a paisagem local e os brasileiros, são analisadas em suas diversas facetas, como um primeiro movimento na trajetória de uma troca cultural que redundaria posteriormente na emergência inesperada de uma versão peculiar da arquitetura e urbanismo modernistas com grande repercussão internacional, emanando de um lugar até então marginalizado do processo de criação cultural . São enfocadas as mudanças que o contato com o Brasil e os brasileiros teriam estimulado ou reforçado na obra corbusiana e, no sentido inverso, a sua influência decisiva na formação de uma arquitetura e urbanismo modernistas de fõlego no país. A relação dos modernistas brasileiros com o arquiteto franco-suíço é vista como inserida em um esforço das vanguardas nacionais a partir dos anos vinte, tendo o duplo objetivo de realizar ou representar um processo de criação cultural autóctone e sancionado conforme os padrões modernistas internacionais. Os paradoxos e tensões advenientes de tal bipolaridade são enfatizados no trabalho, considerados típicos de uma modernidade como acelerada transformação . O Brasil do periodo, antes de constituir-se lugar "externo" à cultura moderna, representa espaço da suprema manifestação de uma transformação avassaladora, onde tudo sempre se projeta para o futuro. O intercâmbio enfocado é visto como de mútua influência, e não como relação unilateral entre mestres e discípulos, interação criativa que não elimina a autonomia de ambas as partes.