A questão do Ser no jornalismo: diferença ontológica e sentidos de materialidade em reconfiguração

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Eichler, Vivian Augustin
Orientador(a): Fonseca, Virginia Pradelina da Silveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238052
Resumo: Motivada pela questão heideggeriana do ‘ser’ e pelas transformações no ambiente midiático, esta tese questiona o ‘sentido de ser’ do jornalismo como fenômeno social na atualidade. Nas décadas de 1920 e 1930, Martin Heidegger provocou uma inflexão na filosofia ao recolocar a milenar ‘questão do ser’ e problematizar os pilares do pensamento ocidental. Com essa perspectiva, discorre-se sobre os sentidos discursivos que atravessaram ontológica e epistemologicamente os estudos de jornalismo. Argumenta-se que o contexto de midiatização profunda da sociedade (COULDRY; HEPP, 2017) joga luz sobre as transformações nas materialidades, físicas e simbólicas, do jornalismo, caracterizadas por sentidos discursivos de ‘distanciamento’ e ‘mediação do acesso’. Estes são constitutivos da ‘autoridade jornalística’ (CARLSON, 2017) desde suas origens até o declínio do jornalismo industrial e ascensão do pós-industrial (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2013). Em suas condições históricas, o ‘ser’ do jornalismo ‘entificou-se’ em representações como ‘interesse público’, ‘democracia’, ‘conhecimento’, ‘verdade’, ‘fatos’, ‘poder’ e outras expressões que fundamentam valores e embasam seu status ontológico nas sociedades. No ambiente informacional contemporâneo, entretanto, os elementos de ‘mediação do acesso’ - tanto dos indivíduos aos ‘acontecimentos’ e às fontes de informação quanto destas aos públicos - já não autoevidentes. Diante das mudanças, formula-se como hipótese de trabalho a reconfiguração de sentidos de aproximação e distanciamento no ‘dever ser’ da profissão e na afirmação da autoridade jornalística. A título de ilustração da manifestação empírica desse debate filosófico, realiza-se análise discursiva de newsletters das organizações nativas digitais Matinal Jornalismo e The Intercept Brasil. Nelas, associa-se o uso de funções metalinguísticas, pelas quais a autoridade jornalística é performada, à construção de novas materialidades, especificamente relacionadas a sentidos de formação de comunidades de leitores motivados a dar suporte econômico às organizações. Entende-se, assim, que a abertura de possibilidades de ‘sentidos de ser’ enseja a pertinência de discussões que compreendam a diferença heideggeriana entre ‘ser’ e ‘ente’ e tensionem a metafísica do jornalismo.