Epidemia de sarampo no Equador em 2011-2012 : características associadas à ocorrência do surto e análise espacial da desigualdade social na vacinação contra sarampo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Rivadeneira Guerrero, María Fernanda
Orientador(a): Fuchs, Sandra Cristina Pereira Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/149597
Resumo: Depois de mais de uma década sem casos de sarampo, Equador apresentou surto em 2011-2012, que atingiu nove províncias do país, com um total de 329 casos. Nosso objetivo foi avaliar características populacionais associadas ao surto, assim como identificar desigualdades sociais relacionadas com a vacinação contra sarampo. No primeiro artigo nós identificamos as características populacionais associadas ao surto, mediante um estudo ecológico de casos e controles, utilizando dados agregados. A unidade de estudo foram as 1024 paróquias do Equador. A partir do banco de dados da vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis do país foram definidas paróquias-caso aquelas que apresentaram casos confirmados de sarampo, e paróquias-controle as quais não tiveram casos da doença. Dados censitários nacionais além de dados da atenção pré-natal e da vacinação contra sarampo do Ministério de Saúde foram utilizados para avaliar características socioeconômicas, ambientais e de acesso aos serviços de saúde. Delineou-se um modelo de análise hierarquizado, considerando as relações entre as variáveis de acordo com o marco conceitual, e foi aplicada regressão logística múltipla, além da análise descritiva univariada e bivariada respectiva, utilizando o pacote estatístico SPSS versão 21. Parroquias caso foram principalmente urbanas e apresentaram una maior proporção de crianças menores de um ano de idade, assim como chefes de família con maior nível educativo, maior população indígena, menores taxas de imunização contra o sarampo, e menores taxas de atendimento pré-natal. Na análise multivariada, acharam-se associações significativas com o nível de escolaridade do chefe da família ≥ 8 anos (OR: 0,29; IC 95% 0,15-0,57) e ≥ 1,4% população indígena (OR: 3,29; IC 95% 1,63-6,68). O aumento da taxa da imunização contra o sarampo e do atendimento pré-natal teve um efeito de proteção contra o sarampo (P <0,05). Ausência de vacinação contra o sarampo foi o determinante mais importante do surto (P <0,001). Concluímos a partir desses resultados, que populações indígenas e aquelas com menor acesso aos serviços de saúde, manifestadas por coberturas vacinais inferiores, foram os mais vulneráveis durante o surto de sarampo. No segundo artigo apresentamos a análise de desigualdades sociais em saúde relacionadas com a vacinação contra sarampo. Foi utilizada nesse caso, informação coletada por agregados populacionais chamados de cantones, unidade político-territorial maior do que as paróquias. Delineou-se assim um estudo ecológico, incluindo 220 cantões do Equador. As fontes dos dados foram: um inquérito vacinal contra sarampo realizado entre 2011-12, com informação de 3.140.799 pessoas de 6 meses a 14 anos de idade, e o censo demográfico de 2010. Foi realizada regressão com análise espacial e análise de desigualdade social na cobertura. Na análise de dados achou-se que a cobertura vacinal contra sarampo se encontrava associada inversa e significativamente com a proporção de necessidades básicas insatisfeitas urbanas (P<0,01), porcentagem de indígenas e afro-equatorianos (P<0,05), e diretamente com a taxa de emprego no cantão (P<0,05). Houve dependência espacial nas variáveis e agrupamentos de cantões com baixas coberturas. Os percentuais mais baixos de cobertura vacinal ocorreram nos cantões com menor nível socioeconômico (RP 1.72; IC95% 1.69-1.72). Uma diferença na cobertura vacinal de 10,56 pontos percentuais entre os cantões estimados como estando na melhor versus a pior posição socioeconômica foi calculada pelo índice angular de desigualdade. O índice relativo de desigualdade de Kunst e Mackenbach mostrou que a cobertura de vacinação foi 1,12 vezes maior nos cantões com maior nível socioeconômico, quando comparados com os de menor nível. De acordo com esses resultados, concluímos que existem desigualdades sociais na cobertura vacinal afetando os cantões menos privilegiados. Sugere-se avaliar as estratégias atuais de vacinação nas populações menos favorecidas.