Leitura em voz alta : voz e subjetividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Saibro, Fabrício de
Orientador(a): Milano, Luiza Ely
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258990
Resumo: Ler em voz alta não é um hábito recente, já na Grécia antiga os ensinamentos do grego clássico eram transmitidos através da leitura de poemas e outros textos. Inicialmente essa prática era mais difundida entre aqueles poucos que sabiam ler essencialmente com a finalidade de partilhar documentos e informações oficiais. Com o decorrer dos anos, essa atividade perde popularidade, ficando mais restrita às salas de aula e instituições religiosas. No entanto, esse cenário vem mudando, e a leitura em voz alta novamente ganha importância: mais do que apenas uma prática de recepção passiva, apresenta-se como uma prática interativa entre texto e leitor, além de um potente exercício de produção de subjetividade, especialmente se considerarmos que os efeitos da leitura permanecem reverberando no leitor após seu término. Nesse sentido, a presente dissertação tem por objetivo lançar um olhar sobre a atividade de leitura em voz alta de textos literários e seus efeitos, partindo de uma reflexão teórica sobre atividade de extensão "Leitura em Voz Alta", e busca refletir a respeito das variáveis linguísticas, literárias e psicológicas que constituem essa atividade, sem a pretensão de analisar recortes de cenas; para tanto, argumenta-se a favor de uma perspectiva que considera a leitura em voz alta como uma prática mobilizadora de subjetividade. O texto da presente dissertação está organizado de forma que inicialmente apresenta alguns dos principais autores do campo do conhecimento linguístico, como Ferdinand de Saussure, Émile Benveniste e Mikhail Bakhtin, que apesar das diferentes abordagens e formas de pensar, receberam destaque aqui por terem dedicado um olhar à "voz" – ainda que em seus estudos a voz não tenha ocupado o papel de objeto central de pesquisa. A seguir, estabelece-se um diálogo entre voz e literatura, para, então, abordar questões da psicanálise relacionadas à voz, escuta, linguagem e clínica, explorando o papel que a voz ocupa na concepção teórica psicanalítica, e buscando entender como ela abre espaço para dialogar com a linguística. Por esse viés, investiga-se também questões relacionadas ao trabalho com grupos através da abordagem psicanalítica, para respaldar uma interpretação na dinâmica da leitura em voz alta compartilhada. Por fim, discute-se questões relacionadas à prática da leitura em voz alta, passando pela história da leitura e sua relação com a escrita, amparando-se em autores como Manguel (2021), Jean (1999) e Milano (2020, 2021, 2023) que consideram o ato de ler em voz alta um grande potencializador não apenas do encontro com o autor, mas também do encontro com o outro.