Pedagogia : uma oração subordinada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Schineider, Suzana
Orientador(a): Marzola, Norma Regina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/131901
Resumo: A partir de estudos que constatam uma forte presença de disciplinas de caráter psicológico e sociológico nos currículos atuais dos cursos de Pedagogia, utiliza-se a ferramenta genealógica de Michel Foucault para mostrar, ao longo da história recente brasileira, que condições históricas deram possibilidades para que o curso de Pedagogia atual apresentasse essa configuração. Ao analisar as relações da Pedagogia com os acontecimentos sociopolíticos e econômicos, e com os discursos que fundaram a ciência moderna, pode-se ver que a criação dos cursos de Pedagogia no Brasil, na década de 1930, aspirava uma educação que modernizasse o país, tal como demandava o modelo de capitalismo recém- instaurado. Uma das estratégias adotadas foi a transposição de teorias tidas como inovadoras na Europa e nos Estados Unidos, as quais atravessaram a formação de professores com vistas à constituição de sujeitos modernos. Nesse sentido, o uso das ciências sociais e da psicologia foi fundamental como estratégia de governo, ou seja, de normatização e de adequação da educação aos princípios liberais. Com todas as transformações da sociedade brasileira e com as diversas reformas curriculares por que passou o curso de Pedagogia, o cunho psicológico e sociológico continuou a ser a base da Pedagogia, sendo que a Psicologia tem assumido, nas últimas décadas, uma posição cada vez mais relevante, tornando-se hegemônica nos currículos do Curso. Essa hegemonia corresponde e atende, efetivamente, aos princípios neoliberais do Estado brasileiro, cujas políticas educacionais favoreceram, desde o final da década de 1990, a produção dos “sujeitos autônomos, auto-disciplinados e flexíveis” de que o sistema político-econômico necessita. Apesar de toda a retórica pedagógica salvacionista, que se reduz a proclamar e denunciar a má qualidade da educação, mostra-se o curso de Pedagogia como também fazendo parte de uma lógica que contribui para o fracasso escolar e, portanto, para a manutenção das desigualdades sociais, mesmo tendo sido garantida a universalização do acesso à escola. Sendo assim, o curso de Pedagogia que forma nossos professores é visto muito mais, mesmo que não somente, como um efeito do poder exercido pelas políticas educacionais neoliberais, a fim de adequar à educação aos seus princípios ultra liberal, ainda que, paradoxalmente, possa ser visto também, e simultaneamente, ao mesmo tempo, como promotor de melhorias sociais.