Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Milbradt, Tobias Cancian |
Orientador(a): |
Mazzoleni, Luiz Edmundo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/281962
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Resumo: |
Base teórica e Objetivos: Dispepsia funcional, ansiedade e depressão são doenças de curso crônico, multifatoriais e que afetam a qualidade de vida. Estudos do “eixo cérebro-intestino” têm demonstrado relação direta e bidirecional, entre o sistema digestivo e o sistema nervoso central. Nosso estudo tem como objetivo avaliar o papel da ansiedade e da depressão na evolução dos sintomas da dispepsia funcional, após o tratamento de erradicação do Helicobacter pylori. Métodos: Pacientes dispépticos funcionais, de acordo com os critérios Roma III, Helicobacter pylori positivos, foram aleatoriamente distribuídos em 2 grupos para receber antibióticos (n=119) ou placebos (n=114). Foram realizadas duas endoscopias digestivas altas, uma basal e a segunda após 12 meses. A escala HADS foi aplicada para avaliação da ansiedade e da depressão, e o questionário PADYQ para avaliação dos sintomas dispépticos. A intensidade e evolução dos sintomas dispépticos foi comparada com a presença e intensidade da ansiedade e da depressão, na avaliação basal e após 12 meses de seguimento, nos dois grupos de tratamento. Também foi analisada a prevalência de depressão e ansiedade basais e avaliadas as evoluções dessas, no período de seguimento dos pacientes. Resultados: A idade média da população foi de 45 anos, com 82,0% de mulheres, 77,3% da raça branca. Dessa população, 55.9% tiveram o diagnóstico de ansiedade e 33,2% apresentavam ansiedade severa. A prevalência de depressão foi de 38,2%, com depressão severa em 16,3%. Durante o acompanhamento de 12 meses, 41,0% do total dos pacientes apresentou melhora dos sintomas dispépticos, com redução média da pontuação do questionário PADYQ de -10,1 pontos. Pacientes com ansiedade ou depressão apresentaram maiores escores basais de sintomas dispépticos, quando comparados com pacientes não ansiosos e não depressivos (P=0,009 e P=0,032, respectivamente). Não foi observada diferença significativa na proporção de pacientes que atingiram a resposta clínica de melhora nos sintomas dispépticos, ao longo do seguimento de 12 meses, entre pacientes com e sem ansiedade ou depressão. E, a redução no escore dos sintomas dispépticos foi semelhante nos pacientes do grupo antibiótico vs grupo placebo, em pacientes com e sem ansiedade ou depressão. Pacientes não ansiosos e não depressivos na avaliação inicial, não apresentaram aumento nos escores de ansiedade e depressão ao longo do seguimento. Entretanto, pacientes com ansiedade ou depressão basal apresentaram significativo aumento dos escores de ansiedade e de depressão, mesmo nos que tiveram melhora dos sintomas dispépticos durante o seguimento de 12 meses. Conclusão: Nosso estudo mostrou que ansiedade e depressão são muito prevalentes na dispepsia funcional, e que pacientes com essas comorbidades apresentam maior intensidade dos sintomas dispépticos. A evolução dos sintomas dispépticos não foi influenciada pela ansiedade ou depressão. A redução dos sintomas no grupo antibiótico foi maior numericamente do que no grupo placebo, entretanto a intensidade dessa redução foi independente da presença ou não de ansiedade/depressão, e também foi independente da maior severidade dessas doenças mentais. Foi observado aumento dos níveis de ansiedade e depressão em pacientes que já apresentavam essas condições na avaliação basal, mesmo nos que tiveram melhora dos sintomas dispépticos. Nossos dados sugerem que a resposta dos sintomas dispépticos funcionais ao tratamento de erradicação do Helicobacter pylori não é influenciada pela ansiedade ou depressão, e que os clínicos devem tratar a dispepsia funcional independentemente da presença dessas comorbidades. Pela tendência de agravamento dos quadros de ansiedade e depressão ao longo do tempo, se sugere atenção e tratamento dessas doenças, nos dispépticos funcionais. |