Rótico retroflexo em coda na região metropolitana de Porto Alegre: análise variacionista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ricardo, Júlia
Orientador(a): Schwindt, Luiz Carlos da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249754
Resumo: Este trabalho, desenvolvido no âmbito da Sociolinguística Variacionista, é o resultado de uma pesquisa que objetivou investigar a realização do rótico retroflexo em um grupo de cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre. Este estudo foi motivado por observações informais de oitiva acerca de um aumento no número de falantes fazendo uso desse som nesta região. Os sons róticos apresentam grande variação no português brasileiro, principalmente quando esses se encontram em posição de coda, onde é possível verificar diversas realizações para um mesmo fonema rótico em diferentes comunidades linguísticas: mulhe[r] ~ mulhe[ɾ] ~mulhe[ɻ] ~ mulhe[x] ~mulhe[h]. Essa distribuição é própria para cada variedade do português brasileiro e se configura como um grande fator para a diferenciação dialetal (CALLOU; MORAES; LEITE, 1996; BRESCANCINI, MONARETTO, 2008; etc.). A variante retroflexa, também conhecida como “r caipira”, presente de maneira bastante expressiva em muitos estados (cf. BRANDÃO, 2007), é pouco verificada no Rio Grande do Sul, com apenas 5% de ocorrência (MONARETTO, 1997). Para a realização deste estudo, procedeu-se com a construção de uma amostra de dados de fala da Região Metropolitana de Porto Alegre, a partir da realização de entrevistas sociolinguísticas com 45 participantes, naturais e residentes de cinco cidades: Viamão, Canoas, Gravataí, Sapucaia do Sul e São Leopoldo. Esses participantes foram estratificados no corpus a partir dos seguintes critérios: cidade, idade, gênero e escolaridade. Os dados que apresentam um som rótico em coda foram codificados de acordo com as variáveis linguísticas: variante rótica pronunciado na coda, contexto fonético precedente, contexto fonético seguinte, classe gramatical da palavra, posição da sílaba alvo, tonicidade da sílaba, tamanho do vocábulo, localização morfológica, frequência e item lexical. A análise estatística dos dados foi realizada através da Plataforma R (R CORE TEAM, 2022). Descritivamente verificamos que, em relação a Monaretto (1997), há uma maior realização da variante retroflexa em nossa amostra, ainda que esse rótico se configure como marginal na comunidade de fala. Também, a partir dos resultados das análises de regressões multivariadas, foi possível constatar que variáveis linguísticas referentes a propriedades fonéticas e prosódicas se correlacionaram com a variação do rótico em coda, apontando que a realização do rótico retroflexo é um fenômeno majoritariamente fonético. Ademais, não foi possível observar interferência de variáveis sociais, indicando que essa variação ainda está em estado incipiente. Acreditamos que o trabalho aqui apresentado traz contribuições descritivas acerca da variação do rótico retroflexo em coda, que vão ao encontro do que dizem os estudos anteriores. Para além, resulta desta pesquisa a criação de um corpus de dados de fala da Região Metropolitana de Porto Alegre, que poderá alimentar os trabalhos de outros pesquisadores, em diferentes áreas dos estudos linguísticos. Por fim, como toda a pesquisa, essa também está aberta a aperfeiçoamento. Nas próximas etapas, objetivamos a realização de um maior número de entrevistas, de modo a preencher células sociais faltantes. Igualmente, consideramos interessante um maior refinamento em algumas categorias analisadas, principalmente nas de cunho morfológico. Ainda, vislumbramos, como perspectiva futura, uma análise de atitudes linguísticas acerca do rótico retroflexo na região estudada.