Os róticos no português de Porto Alegre (RS) : análise perceptual e fonológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rockenbach, Lívia Majolo
Orientador(a): Battisti, Elisa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258578
Resumo: Este trabalho contempla uma análise dos segmentos róticos no português falado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em três etapas: (a) uma inspeção acústica de dados de fala, (b) uma tarefa de percepção auditiva e (c) uma análise fonológica à luz da proposta de especificação segmental em dimensões contrastivas, seguindo o modelo teórico de Purnell e Raimy (2015). A inspeção acústica partiu de percepções oitivas informais que levantaram a hipótese da existência de emissões fonéticas de /r/ não atestadas em estudos anteriores e de naturezas indefinidas. Os resultados da inspeção confirmaram tais emissões e sugeriram uma correspondência entre segmentos indefinidos e realizações de aproximante alveolar em posição de coda, apontando para a anterioridade do segmento em detrimento de um processo de posteriorização. A tarefa de percepção, em formato online, buscou testar os índices de acuidade perceptual de moradores de Porto Alegre frente a diferentes realizações róticas, em posições silábicas variadas. Partiu-se da hipótese de que as variantes róticas licenciassem diferentes índices de acuidade perceptual, o que poderia lançar luz à discussão sobre a especificação fonológica e os processos aplicados na atividade fonológica da língua. A tarefa contou com estímulos sonoros gravados por uma locutora porto-alegrense. Os segmentos-alvo foram selecionados a partir da revisão acerca das variantes róticas não apenas na comunidade de fala porto-alegrense (MONARETTO, 1997, 2002, BOTASSINI, 2011, ROCKENBACH; BATTISTI, 2021, CORRÊA, 2021), mas no PB de forma geral (OLIVEIRA, 1983, LEITE, 2004, 2010, OUSHIRO, 2015, RENNICKE, 2011, GUTIERRES; ROCKENBACH; BATTISTI, no prelo). Assim, controlou-se a percepção auditiva que porto-alegrenses apresentavam diante de vibrante alveolar em onset, fricativa velar em onset, tepe alveolar em coda, aproximante retroflexa em coda e apagamento em coda. Os resultados da tarefa permitiram esboçar algumas generalizações: as posições silábicas importam na percepção das variantes róticas, i.e. a capacidade de distinção das variantes de /r/ parece ser afetada pela posição ocupada na sílaba, é menor em coda final do que nas demais posições; as variantes róticas possuem altos índices de acuidade perceptual. Para a análise fonológica, adotou-se a posição da existência de um único segmento rótico no nível fonológico, /r/, conformando-se à visão de Abaurre e Sandalo (2003). A atribuição de contrastes em dimensões ao sistema fonológico do PB acabou por definir /r/ como segmento subespecificado, o que contribuiu para relacionar representação fonológica e variabilidade na superfície. A análise fonológica sinalizou o fato de que os outputs de /r/ apresentam, em sua maioria, estruturas internas distintas entre si nos níveis de articulador, dimensão e gesto, o que contribui para a dispersão das variantes na língua.