Complexidade do sistema sociotécnico hospitalar e o ambiente de prática profissional do enfermeiro : implicações para a qualidade do cuidado e segurança do paciente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Riboldi, Caren de Oliveira
Orientador(a): Magalhães, Ana Maria Müller de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/236364
Resumo: Introdução: as atividades assistenciais têm envolvido, cada vez mais, uma ampla gama de pessoas, processos, tecnologias e dispositivos, de forma que o dinamismo das inúmeras e diversas interações ocasiona circunstâncias nem sempre previsíveis, caracterizando um sistema sociotécnico complexo. Nesse contexto, percebe-se que os aspectos que remetem à qualidade do cuidado e segurança do paciente estão atrelados à complexidade do sistema e ao ambiente de prática profissional, definido pelas características organizacionais que facilitam ou dificultam o desenvolvimento das ações de cuidado. A aproximação dos construtos sobre a complexidade nos sistemas de saúde e o ambiente de prática da enfermagem possibilita a reflexão e o aprofundamento acerca do trabalho de enfermagem, oportunizando melhores resultados aos pacientes. Desta forma, surgem as seguintes questões de pesquisa que embasaram a presente investigação: como os enfermeiros percebem o ambiente de prática profissional e a complexidade do trabalho em suas áreas de atuação? Qual a influência das características e elementos percebidos para a qualidade do cuidado e segurança do paciente? Objetivo geral: para tal, objetivou-se analisar a complexidade do ambiente de prática profissional do enfermeiro, em unidades de internação clínica e cirúrgica, emergência e terapia intensiva de pacientes adultos, bem como as implicações para a qualidade do cuidado e segurança do paciente. Método: o estudo, delineado como método misto do tipo explanatório sequencial, ocorreu em um hospital universitário, acreditado e de grande porte da região sul do Brasil. A população compreendeu todos os enfermeiros das unidades de internação clínico-cirúrgica, emergência e terapia intensiva de pacientes adultos. Na etapa quantitativa a amostra, aleatória e estratificada, abrangeu 132 enfermeiros com vínculo empregatício ativo na instituição e no setor atual por um período igual ou superior a 90 dias. A coleta de dados transcorreu entre novembro de 2018 e abril de 2019, empregando-se o instrumento de caracterização demográfica e profissional com mensuração da qualidade do cuidado e segurança do paciente, a escala Practice Environment Scale versão brasileira e o questionário de caracterização da complexidade. A análise dos dados foi realizada utilizandose o software Statistical Package for Social Science 18.0. A etapa qualitativa contemplou 18 enfermeiros interessados em discutir a temática e com participação prévia na primeira fase da pesquisa. As entrevistas semiestruturadas ocorreram entre setembro e dezembro de 2019, subsidiadas pelos resultados preliminares da análise quantitativa. Os relatos foram organizados no software NVivo 11 e submetidos à análise temática de conteúdo. O estudo foi aprovado nas instâncias éticas pertinentes, apresentando Certificado de Apresentação de Apreciação Ética número 99441118.8.0000.5327 na Plataforma Brasil. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi aplicado aos participantes em todas as etapas previstas no estudo. Resultados: quanto à caracterização demográfica e profissional houve o predomínio do sexo feminino 116 (87,9%), titulação de especialista 88 (66,7%), média de idade 41,6 ± 8,2 anos e tempo de vínculo institucional mediana de 8,1 anos (0,8-38,5). O ambiente de prática profissional revelou-se favorável sendo que, de maneira geral, a terapia intensiva apresentou os melhores escores nas subescalas. A emergência apresentou médias mais baixas, em especial na subescala “Adequação da equipe e de recursos”, avaliada como desfavorável neste setor (1,88 ± 0,61). No que tange o número de pacientes atribuídos aos profissionais no último plantão e a percepção sobre a qualidade do cuidado e segurança do paciente houveram variações entre as áreas, pressupondo-se que mais pacientes atribuídos por profissional influencia na qualidade do cuidado ofertado e ocasiona riscos que comprometem a assistência. Quanto aos atributos de complexidade, os enfermeiros identificaram no ambiente de prática profissional a presença de características referentes ao “Grande número de elementos que interagem dinamicamente”, “Grande diversidade de elementos” e “Resiliência”. Em contrapartida, os aspectos relacionados à “Variabilidade inesperada” se mostraram pouco presentes, ainda que tenha sido o único atributo que demonstrou diferença estatisticamente significativa entre as áreas em estudo. Ao relacionar a Practice Environment Scale versão brasileira e o questionário de caracterização da complexidade evidenciou-se correlação moderada e inversa, estatisticamente significativa, entre todas as subescalas e o atributo “Variabilidade inesperada”, expressando que um ambiente fortalecido organizacionalmente pode minimizar os efeitos da variabilidade. A partir dos discursos dos participantes emergiram três categorias: “Um ambiente onde o humano e o técnico se complementam, “O olhar dos enfermeiros para a complexidade” e “Qualidade do cuidado e segurança do paciente em um ambiente complexo”. Considerações finais: o referencial teórico da complexidade auxiliou na explicitação de fatores contextuais dos ambientes de prática estudados, possibilitando comparações e a identificação de características que minimizam a variabilidade dos processos, mantendo o sistema mais estável e, consequentemente, fortalecendo a qualidade do cuidado e segurança do paciente.