“Raciocina - mas obedece!” : poder e desejo nas relações de trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Coelho, Rosana de Souza
Orientador(a): Sousa, Edson Luiz Andre de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/31909
Resumo: O objetivo principal desta dissertação é identificar alguns efeitos do exercício do poder e suas relações com o desejo, nos sujeitos que ocupam cargos gerenciais em empresas públicas. A partir da contextualização da ordem econômica dominante, identificamos o trabalho imaterial como forma hegemônica de trabalho na contemporaneidade. Evidenciamos que a ênfase em habilidades relacionais e comunicacionais neste tipo de trabalho, desloca a prescrição das tarefas, característica do trabalho material fordista, para a prescrição da subjetividade. Tomando o conceito de atividade a partir da Clínica da Atividade proposta por Yves Clot, concebemos o ato de trabalhar como resultante da linha de tensão que se estabelece entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Determinamos nosso foco de análise na atividade de gestão e mostramos que, no trabalho pós moderno, a gestão emerge como forma de comando e principal veículo de legitimação da ordem capitalista. Utilizando o conceito de poder em Michel Foucault concebemos o exercício do poder gerencialista como uma tecnologia política cuja racionalidade instrumental se ancora em dispositivos de poder-saber, os quais, em nossa pesquisa, aparecem representados pelos programas de gestão e de qualidade total. A partir do conceito de mal estar em Freud, problematizamos o enlace do sujeito com a cultura e as modalidades de laço social nas relações intersubjetivas de trabalho. Identificamos que a racionalidade instrumental no trabalho pós-moderno, sob o signo do poder gerencialista, favorece modalidades perversas nas relações de trabalho. A individualização se intensifica e enseja o enfraquecimento dos laços coletivos, ao mesmo tempo em que a lógica da privatização se alastra reduzindo o espaço público e desvalorizando o papel da política na construção dos laços sociais. A partir do apontamento da diminuição da esfera pública presente na obra de Hannah Arendt, e da utilização do conceito de poder constituinte em Antonio Negri, apontamos o intímo elo entre poder e política e sua importância no exercício de um poder que questione a ordem dominante, produza rupturas e pontos de esgarçamento, onde o desejo dos sujeitos possam operar como resistência ao poder instituído. Tomando o conceito de utopia em sua vertente inconoclasta, problematizamos a importância da função utópica, não só no exercício do poder e do desejo nas relações de trabalho, mas também enquanto necessidade ética na busca de um outro mundo a partir da crítica do presente.