[As dores] crônicas ideológicas : o contemporâneo da ideologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Macari, Maria Lucia
Orientador(a): Costa, Luis Artur
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276600
Resumo: A afirmação do “fim da ideologia” não é uma novidade nem mesmo uma exclusividade de nosso tempo. No entanto, em seus ecos inquietantes, ela ressoa de diversas maneiras distintas no contemporâneo, operando o juízo de que os alienados são os outros. Nessa atualização constante, a ideologia pulsa em um duplo sentido: como significante e como força material. Por ser uma dimensão que parece se afirmar e sustentar através de sua negação, requer algumas abstrações reflexivas. Para isso, esta tese propõe a escrita das [dores] crônicas [ideológicas] de nosso tempo, as quais buscam reconhecer e refletir não apenas sobre nós na ideologia, mas sim sobre a ideologia em nós. Essa inversão na ordem das palavras denuncia o inapreensível de toda organização social e subjetiva. Por isso não nos preocupamos com uma definição exata da palavra, mas justamente o contrário: ao cartografar suas diferentes variações e desdobramentos, deslizamos parcialmente pelas distintas (in)definições do próprio conceito. Com isso, percebemos a complexa trama que só existe nessa composição impossível, a qual permite tensionar sua própria existência no jogo que deixa cair por terra as pretensões de coerência teórico-conceituais. Reconhecer a nossa própria alienação – as intersecções de diferenças em suas incompletudes – é atuar em consequência política, é pensar movimentos de separação em relação ao hegemônico sem cair em uma metafísica que prega uma suposta exterioridade emancipatória. Se há um contemporâneo da ideologia, este se encontra nos paradoxos de sua própria condição significante não-toda. A ideologia, portanto, como parte constitutiva de nossa realidade fraturada e de nossa alienação nos meandros do mundo. Cabe lembrar que esta tese teve início junto com a pandemia causada pelo coronavírus e foi atravessada por inúmeros percalços dos movimentos políticos da época em questão. Pensando no anacronismo do tempo e numa ética do narrar e da memória, transitamos pelas tragédias e crônicas rodriguianas como um modo de resgate do atual que pulsa. Neste caso, a escrita das [dores] crônicas [ideológicas] são como um destilador do contemporâneo inapreensível que, na materialidade das palavras, coloca para jogo a nossa condição trágica: nós, os alienados, castos-obscenos da tragédia cotidiana.