A ordem das disciplinas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: Veiga-Neto, Alfredo José da
Orientador(a): Silva, Tomaz Tadeu da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/131158
Resumo: Esta Tese apresenta um estudo sobre a disciplinaridade, principalmente em relação ao que denomino eixo corporal das disciplinas. O trabalho desenvolve-se a partir de uma perspectiva foucaultiana e compreende dois momentos. No primeiro momento, inspirado na arqueologia de Michel Foucault, faço uma leitura dos discursos contradisciplinares que se articulam ao longo das últimas três décadas em nosso País. Aí identifico e descrevo duas séries discursivas — uma família de acento epistemológico e outra de acento pedagógico. A primeira funciona como sustentação argumentativa da segunda, pelo menos quando essa última irrompeu nos anos setenta. Em ambos os casos identifico alguns topoi que revelam o compromisso iluminista desses discursos, e procuro assinalar as continuidades e as rupturas de série para série. Nessa leitura arqueológica, ainda descrevo mais alguns discursos que, mesmo marcando descompassos e contrapontos, se situam bastante juntos às duas primeiras famílias. Além desses, há outros discursos, talvez ainda meio dispersos, que se colocam claramente em dissonância e na contramão de tudo isso. Fazendo uma ponte entre o primeiro e o segundo momento, discuto as razões por que adoto uma perspectiva foucaultiana e os problemas metodológicos que advêm dessa escolha. Para isso, faço um apanhado do pensamento do filósofo e procuro articulá-lo com outros; e, tanto quanto possível, especialmente com o pensamento de Norbert Elias. No segundo momento, tomando a genealogia como techné de investigação, desenvolvo uma discussão em torno da disciplinaridade enquanto constrangimento físico — no eixo corporal — e enquanto mecanismo interno de controle e delimitação dos discursos — no eixo cognitivo. De ambos os casos resultam formas particulares tanto de estar no mundo, quanto de cada um conhecer o mundo e nele se situar. Nesse sentido, analiso o que denomino virada disciplinar, a saber, a substituição da disciplinaridade da Antigüidade Clássica (as novem disciplinæ) e da Idade Média (as artes liberalis ou disciplinæ liberalis do trívio e quadrívio) pela disciplinaridade moderna, agora destinada a representar a ordem do mundo natural e social. A partir daí, discuto a participação das disciplinas na fabricação do sujeito moderno, com ênfase em algumas práticas discursivas e não-discursivas que se articulam na escola e fazem dela a principal maquinaria envolvida nessa fabricação. No percurso dessa genealogia, vão aparecendo os diferentes topoi identificados no primeiro momento, quando fiz a leitura arqueológica dos discursos contradisciplinares. Entre outras coisas, isso revela os nexos profundos que existem não apenas entre a disciplinaridade e a episteme moderna, como, também, entre a disciplinaridade e os próprios discursos que pretendem extingui-la.