Análise Evolutiva da Família Musashi : possíveis Implicações para a Zika

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Garcia, Gabriela Barreto Caldas
Orientador(a): Bortolini, Maria Cátira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/198854
Resumo: Apesar dos esforços de pesquisas ao redor do mundo desde 2016, as consequências da infecção pelo vírus Zika (ZIKV) ainda não são completamente compreendidas. Inicialmente, a Zika era considerada uma doença leve, semelhante à gripe, endêmica da África. Repentinamente, a doença espalhou-se para outras áreas tropicais através de picadas do mosquito vetor, relações sexuais e durante a gravidez, da mãe para o feto. Em 2015, o nordeste brasileiro descreveu os primeiros casos de microcefalia em recém-nascidos que foram expostos ao ZIKV dentro do útero. Atualmente, sabe-se que a microcefalia é apenas um dos desfechos possíveis após a infecção pelo ZIKV durante os primeiros estágios de vida. Musashi 1 (MSI1) é uma proteína de ligação ao RNA que participa da regulação pós-transcricional através do reconhecimento de sítios específicos presentes nos transcritos-alvo. Além disso, Musashi 1 que está envolvida em processos de neurodesenvolvimento, é também utilizada pelo ZIKV (RNA de fita simples, senso positivo) para sua replicação. Neste trabalho, realizou-se uma análise evolutiva da sequência codificadora da MSI1 e seus parálogos em vertebrados. 16 espécies de macacos de Novo Mundo (clado Platyrrhini), conhecidas por terem altas taxas evolutivas, foram adicionadas à análise através do sequenciamento de regiões de interesse. A família Musashi inclui MSI2, TARDBP, DAZAP1, HNRNPD, HNRNPDL e HNRNPAB, que aparentemente não interagem com o ZIKV, mas são proteínas de ligação ao RNA importantes que atuam em diversos processos regulatórios ubiquamente. Todos os primatas sequenciados apresentaram o domínio 1 de ligação ao RNA do MSI1 totalmente conservado. Similarmente, as sequências dos genes da família Musashi encontram-se sob seleção purificadora (valores ω < 1). No entanto, a evolução dos mecanismos regulatórios, principalmente o splicing alternativo, parece ser mais dinâmica entre os vertebrados. Existem diferentes isoformas que diferem na região N-terminal e afetam o tamanho da proteína dos animais. Entretanto, como a sequência da principal isoforma que contém dois domínios de ligação ao RNA é preservada, mesmo entre os primatas de Novo Mundo, nós sugerimos que o ZIKV é capaz de interagir com a MSI1 de todos os primatas analisados. Esse fato sinaliza que o vírus pode se replicar nesses potenciais 10 hospedeiros silvestres, ao menos no que depender da MSI1. Portanto, propõe-se que o ZIKV pode estabelecer um ciclo silvestre fora da África, pois os primatas de Novo Mundo e outros mamíferos provavelmente podem suportar a sua manutenção em áreas onde mosquitos infectados circulam.