A história natural da epidemia por vírus zika em uma comunidade brasileira : anomalias congênitas em recém-nascidos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Pinheiro, Laura Castelo Branco
Orientador(a): Faccini, Lavinia Schuler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202772
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo descrever a epidemia por Zika vírus (ZIKV) em uma cidade brasileira de médio porte afetada durante o primeiro semestre de 2016, com ênfase sobre os efeitos em recém-nascidos (RN). O presente estudo caracterizou uma amostra de bebês nascidos nos hospitais da cidade de Tangará da Serra, no ano de 2016, através de questionário, medidas antropométricas, exame dismorfológico e neurológico estruturado. Trata-se de um estudo transversal observacional, quantitativo e analítico. 1440 crianças nasceram no município de Tangará da Serra em 2016. Os critérios de inclusão adotados foram os seguintes: microcefalia com SCZ, nascidos vivos expostos ao ZIKV durante a fase intrauterina e com perímetro cefálico (PC) normal ao nascimento e com PC normal e sem exposição ao ZIKV. Sendo assim foram avaliados 141 bebês, os quais foram divididas em dois grupos: um grupo composto por 41 RNs expostos e outro por 97 não expostos ao ZIKV, denominados controle. Observou-se uma prevalência de microcefalia congênita em 4.1/1000 casos, e metade destes (2/1.000) foram diagnosticados com Síndrome Congênita por vírus Zika. Mães com idade até 19 anos apresentaram 2,3 vezes maior exposição ao ZIKV quando comparadas a mães com idade referência de 20 a 35 anos. Os nascidos vivos com comprimento inferior a dois scores z apresentaram exposição ao ZIKV 2,2 vezes maior que aqueles com comprimento normal, este resultado pode ser decorrente da própria infecção por Zika. Em análise multivariada, os bebês com histórico familiar de consanguinidade apresentaram um quarto de exposição ao ZIKV. Esta foi a única variável significativa. Na descrição clínica dos casos de microcefalia pode-se concluir quadro clínico compatível com SCZ por critérios clínico-epidemiológico. Devido ao desenho e características das manifestações da doença, este estudo apresentou limitações para estimar a incidência de infecção por ZIKV, que é afetada pelo viés de memória e gravidade dos sintomas apresentados. Assim como, a estimativa de ocorrência de alterações morfológicas e neurológicas nos RNs após a infecção pré-natal foi realizada a partir do nascimento, as perdas gestacionais não foram avaliadas, impossibilitando prever o real impacto da infecção sobre as anomalias no bebê. Estas são limitações comuns nas avaliações do potencial teratogênico na ocorrência de anomalias congênitas e foram levadas em consideração durante a análise e discussão dos resultados.