Sobre um extermínio continuado: morte e vida da população em situação de rua no contexto brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Furtado, Calvin da Cas
Orientador(a): Schuch, Patrice
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249806
Resumo: A presente etnografia possui como ponto de partida o acompanhamento, junto ao Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), de um processo de repercussão sobre três assassinatos de pessoas em situação de rua ocorridos em Porto Alegre no ano de 2017. A partir de uma mobilização social por justiça, a temática da população em situação de rua foi inscrita no debate público através de um ativismo político que recorria aos símbolos do luto para reivindicar, simultaneamente, o acesso aos direitos e, sobretudo, visibilidade e justiça. Através de uma articulação particular, que colocava em evidência a recorrência das mortes com a negligência do Estado, dos governos e da sociedade, esse movimento social firmou o entendimento sobre um extermínio que tinha como alvo a população em situação de rua. Nesse sentido, o presente esforço de pesquisa persiste na tentativa de pensar a população em situação de rua no Brasil a partir de uma abordagem necropolítica – ao mobilizar a noção de extermínio continuado em um sentido político e analítico – com o objetivo de refletir sobre a centralidade da morte, dos mortos e de um processo de morrer específico a esse contingente populacional que possui no entrecruzamento com o fator racial um elemento decisivo. Proponho contextualizar tal reflexão ao recorrer brevemente à experiência colonial brasileira, bem como à historicização desse ativismo político singular, organizado na forma de um movimento social emergente, que frequentemente recorre aos símbolos do luto de modo a atualizar e repactuar sua militância mediante um vínculo entre vivos e mortos.