Preditores de risco de acidentes de trânsito por hipoglicemia em motoristas brasileiros com diabetes mellitus tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Salla, Rafaela Fenalti
Orientador(a): Schaan, Beatriz D'Agord
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/221582
Resumo: A hipoglicemia é uma complicação aguda decorrente do tratamento com insulina em pacientes com diabetes mellitus (DM). É classificada em três níveis conforme a glicose sérica (GS) e/ou manifestações clínicas: nível 1 (GS < 70 mg/dL), nível 2 (GS < 54 mg/dL), nível 3 (necessidade de assistência independente da GS). Pode levar a comprometimento neurológico que costuma se manifestar com confusão mental, sonolência, incoordenação, tonturas e até coma. Episódios de hipoglicemia em motoristas com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) aumentam o risco de acidentes de trânsito. A literatura prévia sobre o tema demonstra que pacientes com DM1 apresentam maior número de acidentes, violações e necessidade de auxílio no trânsito quando comparados a portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) ou a pacientes sem DM. Por essa razão, uma ferramenta para detecção de pacientes sob maior risco, denominada RADD score, foi desenvolvida e validada na população norte-americana por Cox e colaboradores. O objetivo do nosso trabalho foi realizar a adaptação transcultural do instrumento RADD para o português brasileiro, avaliar sua validade externa na população brasileira e determinar outros preditores de risco para eventos no trânsito em motoristas brasileiros com DM1. Realizou-se, inicialmente, um estudo de adaptação transcultural, seguido de um estudo de coorte prospectivo com seguimento de 12 meses. Os participantes foram classificados conforme a versão adaptada do escore RADD em baixo, intermediário ou alto risco para eventos no trânsito e acompanhados mensalmente através de ligações telefônicas para detecção dos mesmos. A análise estatística foi realizada através de modelos de regressão de Poisson com variância robusta, na qual a medida de associação estimada foi o risco relativo (RR). Cento e trinta e três participantes foram incluídos na coorte e 109 participantes concluíram o seguimento. A maioria era composta por homens (66%), 37 ± 11 anos, com controle glicêmico acima do alvo (HbA1c 8,2 ± 1,5%). O escore de risco da versão adaptada do RADD não mostrou associação com eventos no trânsito ao longo do seguimento [RR 5,28 (0,44 – 63,03); p = 0.188]. Os melhores preditores de risco de eventos no trânsito por hipoglicemia foram aqueles relacionados ao ato de dirigir. Possuir história de episódios prévios de hipoglicemia na direção foi considerado o melhor preditor de novos eventos [RR 3,40 (1,22 – 9,43); p < 0,05]. O conjunto de acidentes, multas e auxílios prévios no trânsito devido à hipoglicemia também se mostrou um bom preditor [RR 1,78 (1,46 – 2,17); p < 0,05]. Características sócio demográficas e características relacionadas ao diabetes não mostraram associação com novos eventos no trânsito na amostra estudada. Portanto, no presente estudo, o risco de eventos no trânsito em motoristas brasileiros com DM1 está associado às intercorrências prévias já apresentadas por esses indivíduos. Além disso, novos eventos não tiveram associação com o escore de risco gerado pela adaptação do instrumento RADD.