Inter-relações entre hipoglicemia e disfunção autonômica cardiovascular no Diabetes Mellitus tipo 1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Ticiana Paes Batista da [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=2765470
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/48341
Resumo: Introdução: a hipoglicemia é um dos principais efeitos colaterais da terapêutica com insulina atual nos pacientes com diabetes mellitus e pode limitar a obtenção do bom controle da glicemia. A percepção à hipoglicemia ocorre através dos sintomas autonômicos e é fundamental para o seu tratamento imediato. A ausência destes sintomas aumenta a chance de evolução para hipoglicemia grave. Outro fator preditivo importante de hipoglicemia grave é a neuropatia autonômica cardiovascular (NAC). Objetivos: o presente estudo tem por objetivo analisar as inter-relações entre grau de hipoglicemia e a percepção clínica à hipoglicemia com disfunção autonômica cardiovascular em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1 (DM1). PACIENTES E Métodos: a gravidade da hipoglicemia foi analisada através de um escore de hipoglicemia (EH) e os pacientes foram classificados em dois grupos: hipoglicemia ausente/leve e moderada/grave. O grau de percepção a hipoglicemia foi avaliado através do método de Pedersen-Bjergaard classificando os pacientes em 3 grupos: percepção normal a hipoglicemia, percepção alterada a hipoglicemia e percepção ausente à hipoglicemia. A função autonômica cardiovascular foi determinada pelos Testes de Ewing e pelas medidas da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo e da frequência. NAC incipiente foi definida pela presença de um teste alterado e NAC clínica pela presença de dois testes alterados dentre os 4 testes de Ewing. Alteração da análise espectral foi definida por alteração de ao menos um teste dentre a banda de baixa frequência (BF) e/ou alta frequência (AF). Resultados: a média de idade dos 99 pacientes incluídos foi de 25,8±10,9 anos, duração média do diabetes foi de 12,8±8 anos e a média da HbA1c foi de 8,4±1,3% (68±10,4 mmol/mol). Os pacientes classificados com hipoglicemia moderada/grave apresentaram maior frequência de retinopatia (p=0,03), nefropatia (p=0,001), complicações macrovasculares (p=0,007) e alteração da análise espectral (p=0,027) quando comparados aos pacientes com hipoglicemia ausente/leve. Após ajuste para características clínicas, alteração da análise espectral (OR: 3,85; IC 95% 1,23?12,02; p=0,020), nefropatia (OR: 4,15; IC 95% 1,27?13,54; p=0,018) e complicações macrovasculares (OR: 12,18; IC 95% 1,14?129,84; p=0,038) permaneceram como preditores independentes de hipoglicemia moderada/grave. A prevalência de percepção alterada a hipoglicemia e ausência de percepção à hipoglicemia foi de 28%. O grau de percepção a hipoglicemia mostrou uma relação inversa com a idade (p=0,001), duração do diabetes (p=0,027), número de episódios de hipoglicemia grave (p=0,005) e prevalência de NAC incipiente (p=0,017). Índices da VFC no domínio da frequência (banda de AF (p=0,027) e poder total do espectro (p=0,037) foram menores no grupo com ausência da percepção à hipoglicemia. Conclusão: disfunção autonômica cardiovascular, avaliada através da alteração da análise espectral, foi preditor independente de hipoglicemia moderada/grave. Ainda, houve uma associação inversa entre o grau de percepção a hipoglicemia e a perda da VFC no domínio da frequência. Nesses pacientes a perda da proteção do sistema nervoso parassimpático representa um componente significativo na disfunção autonômica cardiovascular relacionada a hipoglicemia moderada/grave ou assintomática.