Nas doces águas d’Oxum : memórias amazônicas em poéticas de terreiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Saldanha, Monise Campos
Orientador(a): Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/284927
Resumo: Que epistemologia as narrativas orais de matriz iorubá sobre a Orixá Oxum esconderiam? É o mote da investigação de doutoramento que analisa a tradição oral africana, ainda presente no Candomblé de Ketu, transposto à Amazônia paraense e seu arcabouço de narrativas sobre os afro-deuses. As vozes que sustentam a pesquisa se baseiam no pressuposto teórico dos estudos decoloniais em Grada Kilomba (2019), Conceição Evaristo (2016-2020), Hampâté Bá (1991); Cuti (2010), com também em Pierre Verger (2012), Reginaldo Prandi (2001-2017), Deronmu (2021), Oyěwùmí (2021), entre outros. Para tanto, o corpus investigativo, efetivado pela categoria memórias doadas, perfaz os itans (narrativas) da divindade Oxum e suas representações de saberes, vivências e experiências mediadas pelas isomorfias culturais, repassadas do mais velho ao mais jovem, na materialidade da literatura da voz. Assim, a nação iorubana, desumanizada pela escravidão, viu nas tessituras orais a possibilidade de ressignificar sua cultura desfragmentada. Para tanto, sob a égide da metodologia desobediente se constrói a pesquisa, pautada em: Dultra (2010), Durão (2020), Campos (2015), Haber (2011) entre outros. Metodologia desobediente a versar por “padrões” alternativos de investigação, como o não afastamento epistêmico, a própria relação objeto e pesquisadora, como também pelo ouvir/sentir do que o objeto clama para ser doado ao leitor e, assim elaborar uma tessitura coesa, sensível, destecida por referenciais menos visitado pelos pesquisadores. Verificou-se, assim, que as narrativas portam os símbolos, emblemas e sinais da etnia em questão, mediando a cosmopercepção e toda a estrutura da epistemologia poética, alicerçada na pluralidade das afro-vozes, a tecer caminhos para produzir maneiras de repensar os fatos sociais de forma decolonial. Conclui-se, então, que a epistemologia poética é a base da tradição iorubá, escamoteadas na memória, elas permitem, mais uma vez, o reconstruir de convívios entre humanos e divindade e, destes com outros no mesmo espaço - da harmonia entre os reinos. As narrativas são as sementes antigas que o povo dos Orixá herdou e plantou no Brasil.