Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Salles-Bento, Oluwa Seyi |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-29072021-183820/
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Resumo: |
Considerando a importância das contribuições sociais, religiosas e artísticas do capital cultural de matriz africana e afro-brasileira à cultura e à identidade nacionais, examinamos a presença de personagens associadas à Oxum em narrativas produzidas pela escritora Conceição Evaristo. Assim, o propósito desta dissertação é averiguar se e como a produção de Conceição modifica a forma de construir personagens associáveis ao orixá Oxum na produção de escritores de nosso Modernismo (Mário de Andrade e Jorge Amado), visando minimizar a reprodução de (pre)conceitos que sustêm a condição social e religiosa já subalternizada da mulher negra, das religiosidades e das divindades afro-brasileiras. Para tanto, analisaremos personagens negro-femininas constantes das obras Olhos d\'água (2016 [2014]) e Histórias de leves enganos e parecenças (2017, [2016]), de Conceição, Macunaíma (2019 [1928]), de Andrade, e Dona Flor e seus dois maridos (2008 [1966]) e Tocaia Grande (2008 [1984]), de Amado, buscando compreender quais imaginários referentes à Oxum são mobilizados em nome do projeto literário de cada escritor. Além disso, realizaremos um trabalho comparativo entre as experiências dessas personagens e os ìtàn -- textos mitológicos -- que versam sobre Oxum, a fim de que não percamos de vista que lidamos antes com interpretações e elaborações estéticas de uma fonte constituída que com uma criação arbitrária e puramente ficcional. Partindo do resultado desta pesquisa, é depreensível, a partir do acionamento do conceito de empréstimo metonímico, construído desenvolvido para esta pesquisa, que a produção literária evaristiana reivindica a recuperação de uma faceta materna, amorosa e não hipersexualizada da mulher negra brasileira, lançando mão da utilização de um símbolo potente e construtivo: a deusa afro-brasileira Oxum e suas metonímias. Dessa forma, a construção de personagens de Conceição Evaristo, na contramão do que fora realizado por Mário de Andrade e Jorge Amado, não se veicula a estereótipos difundidos nas obras canônicas, marcadas por exotismo, hipersexualização e distanciamento da maternidade de corpos negro-femininos associados à Oxum. Ao contrário, a produção evaristiana, pautada pela associação dos conceitos de escrevivência e de ubuntu, devolve aos sujeitos negros sua humanidade, subjetividade e potência geradora de vida, das quais foram despojados pela escravatura e pelo racismo científico e religioso. |