“Abriu porta, janela e um olhar pro outro que eu não tinha antes” : o curso promotor@s em saúde da população negra e as práticas profissionais relacionadas à questão racial na atenção básica em Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ozorio, Jeanice da Cunha
Orientador(a): Anjos, José Carlos Gomes dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/220577
Resumo: Esta pesquisa objetivou analisar como o processo de subjetivação desencadeado através do Curso Promotor@s em Saúde da População Negra (CPSPN), desenvolvido no município de Porto Alegre-RS, fomenta reflexões e práticas nos profissionais de saúde da Atenção Básica que podem ser relacionadas ao combate ao racismo no cotidiano de trabalho, tendo como referência a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). O estudo, com abordagem qualitativa, teve como metodologia a realização de entrevistas semiestruturadas que foram analisadas de acordo com a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (1977). A amostra foi composta por onze promotor@s em saúde da população negra, entre profissionais de saúde e usuários. Considerando a subjetivação efetivada pelo Curso, o enfoque da análise centrou-se no modo como promotor@s, após concluírem o CPSPN, promovem uma postura diferente frente a si mesmos e à população negra, no que tange à dimensão racial existente nas relações e práticas direcionadas aos usuários da Atenção Básica do SUS. Tendo como foco o debate sobre o racismo e a saúde da população negra, o referencial teórico contou com autores como Michel Foucault, Neusa Santos Souza, Axel Honneth, Frantz Fanon e Stuart Hall abordando e dialogando com conceitos como subjetivação, subjetividade, reconhecimento e identidade. Os resultados indicam a presença do racismo no cotidiano das relações bem como as mudanças que a realização do CPSPN possibilitou, tanto na vida laboral como na vida pessoal, abordando a importância do debate étnico-racial junto aos profissionais de saúde e usuários para combater o racismo no SUS. Neste sentido, o CPSPN produz subjetividade, principalmente no que tange à identidade negra, uma vez que as entrevistadas afirmaram repensar-se, durante e após o curso, enquanto mulheres, negras, trabalhadoras e demais marcadores identitários que influenciam suas vidas, produzindo novos sentidos em seus corpos e em suas subjetividades. O CPSPN aparece como importante ferramenta, ocupando um lugar relevante de resistência na luta antirracista, motivando integrar novos participantes nesta luta e proporcionando um convite a uma transformação individual e coletiva. Todavia, foi percebido a não efetividade de articulações a respeito da implementação da PNSIPN, sendo necessárias outras ações e parâmetros institucionais de luta contra o racismo no que tange aos gestores e demais instâncias governamentais.