Meetups como saberes coletivos? : o organizar de espaços alternativos de aprendizagem à luz da teoria baseada em prática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ferrazza, Dayane Scopel
Orientador(a): Antonello, Cláudia Simone
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/212992
Resumo: O objetivo central dessa tese foi compreender como se configura a aprendizagem nos processos organizativos no contexto dos meetups à luz da teoria baseada em prática. O termo meetup foi utilizado tanto para definir o movimento de formação de novas comunidades digitais que promovem interação física como para delimitar o campo dessa pesquisa, que foram grupos do website meetup.com. Escolhi três grupos de meetup para compor essa análise, todos da área de tecnologia e produtos. Acompanhei os eventos dos grupos em um percurso cartográfico, método que consiste no mapeamento de territórios, permitindo ao pesquisador seguir os caminhos que os constituem. Atenta aos processos que compõem as relações estabelecidas, busquei algumas técnicas para dar conta desse percurso: entrevistas com os organizadores, observação dos encontros presenciais e registros fotográficos com o objetivo de identificar a movimentação dos organizadores durante os eventos. Meus movimentos em campo possibilitaram a identificação de dois planos: on-line e off-line. O primeiro plano contempla as conexões do processo de organização do meetup, a partir de ‘nós’ que demonstram as relações estabelecidas predominantemente no universo on-line. O segundo plano é focado em analisar as relações que sustentam constituição do coletivo, envolvendo principalmente o universo físico. Os planos são sustentados por ‘nós’, que indicam pontos de tensão e reflexão sobre o movimento. A partir de tais ‘nós’ pude entender a complexidade das relações estabelecidas para manutenção de conceitos estruturados pelos pesquisados: orgânico, comunidade e compartilhamento. Meu percurso também revelou os atores envolvidos nessa trama: organizadores, participantes e as ferramentas, indicando a importância da sociomaterialidade nos estudos baseados em prática. As práticas de pré, durante e pós evento são perfomadas através de saberes que se constituem quando os atores se estabelecem enquanto grupo, em ambas as dimensões. Os atores aprendem ao longo de suas relações heterogêneas e experiências, e esses saberes são performados nas práticas do dia a dia, configurando-se como relacionais, dinâmicos, provisórios e sustentados por interações on-line e off-line. O estudo aponta que por mais que os dizeres indiquem a existência de um grupo unido, as ações dos organizadores estão mais voltadas para a promoção de si. Os resultados desse estudo revelam que os meetups carregam um potencial de transformação da forma como as pessoas interagem entre si no contexto digital para criação de relações presenciais, focando principalmente na exposição e reconhecimento dos organizadores perante a pessoas de mesmo interesse profissional. Além de contribuições teóricas e metodológicas, essa tese desvela um campo contemporâneo e complexo no que tange as relações, inaugurando uma agenda para estudos futuros que se dediquem a problematizar as literaturas atuais sobre o comportamento dos indivíduos em redes sociais, investigando aspectos que possam ser elencados como motivadores para que as pessoas se inscrevam nos grupos e, ao mesmo tempo, os aspectos que limitam suas interações no âmbito digital.