Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Roratto, Paula Angélica |
Orientador(a): |
Freitas, Thales Renato Ochotorena de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/142860
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Resumo: |
O tuco-tuco de colar, Ctenomys torquatus, possui uma das maiores distribuições geográficas entre estes roedores, habitando os campos de baixa altitude em toda metade norte do Uruguai e na porção sul do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A variabilidade cromossômica, comum em espécies deste roedor subterrâneo, ocorre em apenas algumas populações periféricas de C. torquatus, particularmente em regiões na quais grandes cursos d’água separam formas cromossômicas distintas. Com os objetivos de descrever os padrões filogeográficos de C. torquatus, bem como o efeito de grandes rios na estruturação de populações e diferentes cariótipos, o presente estudo fez uso de três marcadores mitocondriais (sequência hiper variável 1 da região controle e os genes citocromo-c oxidase I e citocromo-b), além do desenvolvimento e aplicação de locos de microssatélites. A filogenia obtida com o gene citocromo-b, juntamente com evidências morfológicas e cariotípicas, claramente demonstraram a singularidade de uma nova espécie, denominada Ctenomys ibicuiensis. Esta espécie possui apenas um cariótipo (2n = 50) e não compartilha um ancestral comum direto recente com o tuco-tuco de colar, apesar da proximidade geográfica. Este trabalho apresenta a posição filogenética da nova espécie e sua relação filogeográfica com o tuco-tuco de colar. Análises filogenéticas também foram empregadas com o objetivo de estimar uma taxa de evolução molecular para o DNA mitocondrial dos ctenomídeos, a qual foi posteriormente aplicada em inferências demográficas considerando uma escala de tempo. Associada a estreita área de ocorrência e pequena amostragem, as populações de C. ibicuiensis apresentaram baixa variabilidade genética em comparação com as demais espécies do gênero Ctenomys, embora não tenha havido evidências da ocorrência de processos de redução populacional (bottleneck) nem índices de endogamia singificativos. Análises de estruturação genética para dados de microssatélite e DNA mitocondrial revelaram diferenciação significativa entre as populações, não havendo situações de clados ou grupos de haplótipos altamente divergentes, relacionados a linhagens regionais, para nenhuma das espécies. Testes de neutralidade, mismatch distribution e duas análises demográficas baseadas em coalescência sinalizaram a ocorrência de expansão populacional recente para C. torquatus, 9 amplamente distribuída; ao passo que um padrão de estabilidade populacional foi observado para a espécie C. ibicuiensis, geograficamente restrita. A região central do Rio Grande do Sul é a provável origem da expansão populacional recente descrita para C. torquatus. O cariótipo mais comum e amplamente distribuído 2n = 44, considerado plesiomórfico, e os registros pontuais e periféricos de variações cariotípicas, corroboram este cenário de expansão. AMOVA e outras análises de estruturação não demonstraram substancial partição da variação genética associada à presença dos rios. O efeito do rio atuando como barreira ao fluxo gênico foi verificado apenas pela comparação da baixa estruturação genética entre as localidades da nascente em relação aos demais pontos do rio onde a largura e a vazão são maiores. A expansão demográfica do tuco-tuco de colar e diversos eventos de dispersão cruzando o rio, evidenciados pelo compartilhamento de haplótipos em localidades de ambas as margens, podem estar vinculados as condições de clima seco e frio durante o período glacial pleistocênico, caracterizado pelo domínio dos campos, ausência de mata ciliar e rios com cursos d’água bastante reduzidos. Considerando as condições de baixa vagilidade, territorialidade e organização em pequenos demes, os efeitos de isolamento pela distância e deriva genética parecem prevalecer sobre as descontinuidades do habitat, a exemplo da alta diferenciação populacional encontrada. |