Locomoção de Ctenomys talarum (Rodentia: Ctenomyidae): um estudo com câmera de alta velocidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Ribeiro, Leonardo Lobo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/5789
Resumo: Ctenomys talarum é um roedor subterrâneo que se distribui em solos arenosos na costa atlântica e interior da Província de Buenos Aires, Argentina. Esses animais desempenham a maior parte das suas atividades diárias no interior das galerias subterrâneas que escavam. Além disso, realizam breves visitas à superfície em alguns momentos do dia, principalmente para forragear. A maioria dos estudos sobre a motricidade de roedores subterrâneos tem seu enfoque no comportamento escavatório. Por outro lado, pouco se sabe a respeito da locomoção desses animais. O presente estudo se propõe a identificar e caracterizar os padrões locomotores desempenhados por C. talarum. Para tal, cinco fêmeas foram colocadas uma a uma em uma câmara de acrílico contendo uma esteira rolante improvisada. Em seguida, cada fêmea foi filmada com uma câmera de alta velocidade (Casio Exilim EXF1) enquanto realizava exercício na esteira. Os filmes obtidos foram analisados em um programa de computador que permite que observações quadro-a-quadro sejam feitas. Dessa forma, 139 ciclos locomotores (25-30 por fêmea) tiveram os seguintes parâmetros extraídos para a análise: duração do ciclo (s); duração das fases de apoio e suspensão (s); frequência (Hz); comprimento da passada (cm); e velocidade (cm/s). O momento da aterrissagem de cada membro e o fator de carga também foram mensurados para a descrição dos padrões locomotores. A velocidade média variou entre 41,7 e 85 cm/s, com máximo de 105,6 cm/s. Trote foi o único padrão locomotor desempenhado, havendo, na maioria dos casos, a aterrissagem do membro posterior precedendo a do posterior. Não foram observadas fases aéreas. As velocidades mais altas encontradas superaram aquelas registradas em estudo anterior, o que demonstra que a espécie tem seu potencial locomotor subestimado. O uso do trote provavelmente reflete a escolha por um padrão locomotor com ganho em estabilidade, tendo em vista que foi desempenhado em um amplo intervalo de velocidades exibindo padrões de suporte bastante estáveis. Por outro lado, é bastante plausível que o pequeno tamanho da câmara de acrílico utilizada tenha comprometido o uso de padrões tipicamente assimétricos, que costumam envolver movimentos verticais da coluna vertebral associados com o animal desempenhando passadas maiores. De fato, as tocas desses animais apresentam um espaço interno estreito, o que significa que os resultados aqui apresentados também devem refletir a locomoção no interior das galerias subterrâneas. A baixa ocorrência de fases aéreas é típica da locomoção de pequenos mamíferos, cujos membros flexionados e a postura plantígrada tendem a prolongar a duração do apoio. Alternativamente, o uso de uma esteira rolante relativamente curta pode ter influenciado no comprimento da passada. Essa é a primeira vez em que uma abordagem nos padrões locomotores é utilizada para descrever os movimentos de uma espécie de ctenomídeo. Como seus congêneres, C. talarum também depende do ambiente epígeo, o que explicaria semelhanças com a locomoção de pequenos mamíferos que habitam a superfície. Nesse sentido, futuros estudos sobre a locomoção de ctenomídeos devem levar em consideração a vida dupla desses animais