Matopiba : mudanças no uso da terra na nova fronteira agrícola do Brasil e impactos socioeconômicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Colussi, Joana
Orientador(a): Barcellos, Julio Otavio Jardim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/164377
Resumo: As mudanças no uso da terra nas últimas décadas foram impulsionadas pela expansão da agricultura e pelo crescimento da demanda internacional por produtos alimentares. No Brasil, um novo território emergiu e se consolidou no cerrado do Norte e Nordeste em menos de 20 anos. Chamada de Matopiba, sigla formada pelas iniciais dos quatro estados que a formam – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia -, a região é considerada uma das últimasfronteiras agrícolas em grande escala no mundo. As causas e consequências da formação desse território, contudo, ainda são pouco estudadas na literatura. Por conta disso, esta pesquisa busca preencher uma lacuna ao identificar os fatores diretos e indiretos que resultaram na alteração do uso do solo no cerrado nordestino, além de analisar como a dinâmica do agronegócio impactou nos indicadores socioeconômicos da região. Para tanto, a pesquisa baseia-se em dados de sensoriamento remoto dos 337 municípios que compõem a nova fronteira, combinados com censos agrícolas e demográficos,informações de mercado, de investimentos públicos e privados e da atuação de grandes companhias. Além disso, o estudoutiliza entrevistas não-estruturadas com informantes-chave. Os resultados mostram que a formação da região está relacionada com a expansão da agricultura, com a soja ocupando o equivalente a 61% da área cultivada com grãos. A disponibilidade de grandes extensões de terra a preços baixos e a valorização da commodity foram determinantes para o movimento, consolidado a partir dos anos 2000. A influência de instituições formais e informais, como trades e indústrias, também exerceu papel relevante para estruturar as atividades agrícolas no Matopiba – desde a produção, armazenamento, transporte até o comércio. Dentro de um modelo globalizado, empresas multinacionais deram suporte à expansão agrícola, assumindo controle privilegiado da produção por meio do fornecimento de crédito, insumos e garantia de compra.O dinamismo trazido pelo agronegócio fez o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região crescerem acima das médias nacionais e estaduais em 20 anos. Entretanto, o aumento não se traduziu em melhores condições de vida para toda a população, como indicado pelo alto nível de concentração de renda.O estudo evidencia que aindanão foram estruturadas cadeias produtivas completas, envolvendo indústrias e serviços com capacidade próprias de empuxe. Para alcançar o desenvolvimento regional pleno, o Matopiba precisa de uma ação institucional mais forte, com políticas voltadas à geração de empregos e melhor acesso à educação e à saúde. Embora o agronegócio tenha contribuído para alterar a base econômica e social do Matopiba, não se pode esperar que um setor sozinho reverta deficiências estruturais históricas do território.