Marco temporal nas fronteiras do Cerrado : o projeto político do agronegócio e as violências contra os povos indígenas na região do Matopiba (2010-2022)
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual de Goiás
UEG ::Coordenação de Doutorado em Recursos Naturais do Cerrado Brasil UEG Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Recursos Naturais do Cerrado RENAC |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1612 |
Resumo: | A tese que define um marco temporal de ocupação de terras pelos povos indígenas está profundamente enraizada na história de ocupação fundiária do Brasil, marcada pela expropriação das terras indígenas desde o período colonial. A atuação política e legislativa do agronegócio, pelas mãos da bancada ruralista está diretamente ligada a esse contexto e reflete tensões entre os interesses do agronegócio, os direitos dos povos indígenas e o equilíbrio dos ecossistemas. Ao ignorar o contexto histórico de violência e expulsão que os povos indígenas enfrentaram, essa tese, transformada na Lei 14.701/2023, ameaça retroceder as conquistas alcançadas pela Constituição de 1988 em termos de direitos territoriais indígenas. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, com história de ocupação fundiária intensivamente marcada pela expansão da fronteira agrícola no Brasil desde a década de 1970, internacionalmente invisibilizado frente ao Bioma amazônico. A região do Matopiba surge como proposta de delimitação desse trabalho por ser a fronteira agrícola mais recente do Brasil, intensamente explorada pelo agronegócio, por ser composta em 91% pelo bioma Cerrado e por conter, em sua maioria, terras indígenas ainda sem o processo demarcatório iniciado. O objetivo geral foi analisar a situação dos povos indígenas no Cerrado, na região do Matopiba, frente às tensões fundiárias e violações de direito nas disputas de terras envolvendo a tese do Marco Temporal e como objetivos específicos verificar como a tese do Marco Temporal se relaciona com os conceitos de terra e territorialidade; descrever e analisar a evolução do conceito do marco temporal até sua efetivação como lei e projeto político do agronegócio e avaliar os processos de violência contra os povos indígenas do Cerrado na região do Matopiba entre os anos de 2010 a 2022. Esse trabalho foi desenvolvido com uma abordagem mista, com ênfase na perspectiva qualitativa, pela análise de fatos históricos e a evolução de conflitos fundiários ao longo de 12 anos. A pesquisa foi descritiva e explicativa com abordagem histórico-documental, indutiva e análise comparativa, por meio de pesquisa bibliográfica, documental, usando gráficos de tendência para corroborar os achados qualitativos das revisões bibliográficas e documentais. Como resultados concluímos que a Tese do Marco temporal desconsidera a terra como espaço de existência material e imaterial, perpetua a história de ocupação fundiária no Brasil, socialmente injusta e marcada pela complacência do Estado. A atuação política e legislativa do agronegócio está diretamente ligada a esse contexto e reflete tensões entre os interesses do agronegócio e os direitos dos povos indígenas, resultando no aumento da violência contra povos indígenas e ameaça ao equilíbrio dos ecossistemas. |