Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2025 |
Autor(a) principal: |
Fraga, Juliana |
Orientador(a): |
Eichler, Marcelo Leandro |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Palavras-chave em Espanhol: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/289833
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Resumo: |
Esta pesquisa parte do entendimento de que o avanço do sistema capitalista, neoliberal e neoconservador, aliado às plataformas digitais, consolidou o que pode ser chamado de Sociedade da Ignorância. Essa ignorância vai além da falta de conhecimento, configurando-se como uma tecnologia de poder mercantilizada, sustentada em mentiras, anti-intelectualismo, negacionismo, neofascismo e preconceitos diversos. Esses elementos moldam subjetividades, naturalizam catástrofes e desigualdades e reforçam um sistema político e econômico apresentado como imutável, o que leva a uma distopia em que as pessoas perdem a capacidade de pensar criticamente e agir autonomamente. A produção massiva de ignorância sustenta governos extremistas, apoiados por neoliberais e religiões fundamentalistas, promovendo uma guerra cultural. Nela, inimigos fictícios são criados e atacados por meio de violências, calúnias e retirada de direitos. O Brasil, com sua história marcada pelo autoritarismo e pela discriminação, adere facilmente a esses discursos. Muitos aceitam o sistema como a única alternativa, rendendo-se à lógica do "empreendedor de si mesmo". Isso resulta em situações degradantes, esgotamento e frustração com a promessa de sucesso financeiro, muitas vezes levando à adesão a pautas da extrema direita. A educação, que deveria promover pluralidade, conhecimento e formação cidadã, torna-se alvo de ataques, precarização e controle, com políticas de privatização, militarização e evangelização que minam sua função emancipadora. Diante desse cenário, a pesquisa propôs-se a compreender a Sociedade da Ignorância e explorar formas de enfrentá-la por meio da educação, buscando responder: “De que maneira o teatro como linguagem pedagógica pode facilitar o letramento histórico de adolescentes e contribuir para o enfrentamento da Sociedade da Ignorância, visando transformar a distopia em utopia?”. Sendo assim, buscou-se na linguagem teatral a possibilidade de letramento histórico. O enlace de áreas tão potentes apresenta elementos que contrariam a educação hegemônica – subserviente ao capitalismo –, promovendo uma pedagogia crítica, dialética, democrática, lúdica, amorosa, ética e estética. A pesquisa adotou a metodologia da A/r/tografia, integrando as práticas de artista, pesquisadora e professora, aliada ao método Paulo Freire, adaptado ao contexto histórico. O estudo foi realizado em duas escolas de Educação Básica, localizadas nas cidades de Porto Alegre e Esteio, envolvendo 20 adolescentes. O processo artístico-pedagógico foi estruturado em três momentos inspirados no método freiriano: (I) Pesquisa exploratória e definição do tema gerador, identificando "ignorâncias" como situações-limite; (II) Tematização e problematização, codificando e decodificando essas situações para fomentar reflexões críticas; (III) Problematização e transformação, construindo possibilidades transformadoras por meio da arte. Jogos teatrais, rodas de diálogo e esquetes abordaram temas sensíveis, culminando na montagem coletiva das peças Se faltar, nada! e O motivo da sede!. Essas peças refletiram as visões e experiências dos participantes, tratando de questões como negacionismo climático, desigualdades e modelos de Estado. A pesquisa vislumbrou o inédito viável freireano, que incentiva sonhos utópicos sobre um outro mundo possível, em que não existam as perversidades do sistema capitalista. Através da A/r/tografia, analisou-se o processo artístico-pedagógico e as ações da artista, professora e pesquisadora. Conceitos como “tema gerador”, “situação limite” e “inédito viável” entrelaçados à história do presente foram fundamentais para o letramento histórico e o enfrentamento das ignorâncias. A tese aponta caminhos para uma educação que reconhece e desnaturaliza as violências da Sociedade da Ignorância, inspirando práticas comprometidas com a construção de uma democracia radical. |