Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Valandro, Valéria Fernanda Ribeiro [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/259459
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Resumo: |
Esta dissertação tem por objetivo investigar a voz distópica e utópica na poesia contemporânea brasileira a partir das obras A Voz do Ventríloquo (2012) e Risca Faca (2021), de Ademir Assunção. Investiga-se, em especial, o modo como a poética do autor responde ao discurso de crise de seu tempo assim como ao discurso de crise da poesia contemporânea (Siscar, 2010), herança cultural e política da modernidade, cujos sentidos são renovados pela aparente falta de perspectiva – ou de utopia – que paira sob o espírito do tempo. Nesse sentido, a poética de Assunção parece capturar, nas imagens que constrói e na configuração da voz de seu sujeito poético, tanto o estado de inércia melancólica frente às ruínas da modernidade – em um cenário marcado pela catástrofe e pelo caos político, econômico e cultural – quanto um vacilante desejo poético de intervenção sobre o real. Assim, o espaço poético é reivindicado como lugar de dramatização de uma experiência distópica de crise, valendo-se de elementos históricos e políticos da contemporaneidade brasileira para dar forma à heterogeneidade de seu próprio tempo, atravessado pelos resquícios dos projetos falidos modernos, pelas figuras da cultura de massas e por apropriações de diferentes cosmovisões e epistemologias dissidentes, sobretudo a partir das aproximações entre a prática da poesia e do xamanismo. Ao fazer isso, sua poética igualmente figura as tensões e disputas que formam as heranças da poesia brasileira contemporânea: reconhecendo os limites de uma ideia de utopia poética na sociedade, mas igualmente rechaçando a impossibilidade de mobilidade e a pretensa pacificação das pluralidades da poesia. A obra de Assunção reivindica uma utopia imanente de resistência em que a figura do poeta e da poesia assumem um lugar em que a matéria que resta das ruínas do tempo e do espaço são as condições de possibilidade a partir das quais sua poesia se sustenta. Em consonância com essa possibilidade de busca da utopia, os ecos antropofágicos do paideuma diverso de Assunção mobilizam, mesclam e projetam a poesia como forma de vida, de confrontação e de assimilação. O exercício de releitura e de incorporação de poetas tão diversos como Piva, Leminski e Cabral traduzem o mecanismo que norteia o seu projeto poético: a relação dialética com seus predecessores não conduz a uma síntese pacificadora, mas sim configura um tecido de idiossincrasias que caracteriza o próprio contemporâneo. Desse modo, a compreensão de utopia não estaria no retorno a uma natureza originária, a um passado primitivo ou a um futuro que rompa com as ruínas modernas que nos fundam, mas sim na arquitetura possível realizada sobre o caos dinâmico desses resíduos para a consolidação de uma abertura e de uma possibilidade de sobrevivência. Esse processo é sintetizado na poesia de Assunção pela imagem do processo de decomposição, na medida em que compreende o caráter cíclico das transformações sociais e poéticas, valorizando a capacidade de recriação a partir do reconhecimento da perenidade como condição de sobrevida orgânica e de uma releitura atenta das heranças que se escolhe como substrato. |