A canção de Renato Russo: uma poética da utopia e da distopia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ozório, Elisângela Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152848
Resumo: As letras das canções escritas por Renato Russo deflagram um olhar crítico e reflexivo para com a existência humana e a vida em sociedade. A voz poética capta os conflitos e mostra, em primeiro plano, a face imperfeita da sociedade e do ser humano: a desigualdade, a ganância, o egoísmo e a falta de liberdade. Como resultado, há o desajuste e a sensação de não pertencimento, gerando no sujeito desconforto. A face imperfeita representada na canção de Renato Russo constrói um tipo de real que se contrapõe à volição do eu poético, que confessa o desejo de edificar uma nova sociedade, na qual haja a reintegração da igualdade, da solidariedade, da compaixão e da liberdade. O desejo despertaria o amor, a partilha e o senso de coletividade e formaria o sonho de perfeição, onde o homem seria plenamente feliz, o que representaria o real perfeito. A partir dessas constatações sobre as canções de Renato Russo, podemos afirmar que as representações de um real imperfeito e de um sonho perfeito corresponderiam à imagem da distopia e à imagem da utopia, respectivamente. Para embasar nosso raciocínio, elegemos como fonte de pesquisa teórica sobre a imagem da utopia Thomas More (2015) e Beatriz Berrini (1997); e sobre a imagem da distopia Russel Jacoby (2007) e Martim Vasques da Cunha (2012). As leituras foram ampliadas com outros autores, como Nelson Levy (2012), Teixeira Coelho (1985), Miguel Abensour (1990) e Fredric Jameson (2005) que também ajudaram a perceber que tais conceitos – de utopia e de distopia – não podem ser compreendidos de modo antagônico e estanque. Neste estudo analítico-reflexivo das canções de Renato Russo, escolhemos o álbum Dois (1986) para verificarmos a coexistência de ambos os conceitos. Além disso, o embasamento crítico-literário e musical esteve atrelado aos ensinamentos, respectivamente, de Paul Zumthor (1997; 2005; 2007) e Octavio Paz (1982), e de Paul Friedlander (2008) e Arthur Dapieve (2004; 2006).