As mãos que operam a máquina de morar : o quarto de empregada em edifícios residenciais da arquitetura moderna paulistana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Brandão, Luísa Sopas Rocha
Orientador(a): Machado, Andréa Soler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/277200
Resumo: Esta tese se propõe a analisar as configurações historicamente assumidas para os ambientes destinados às trabalhadoras domésticas em habitações multifamiliares na cidade de São Paulo, a partir de uma análise iconográfica de projetos divulgados nos anos de 1938 a 1971 pela revista Acrópole, período que abrange o auge da produção arquitetônica modernista no Brasil. A pesquisa tem como objetivo elucidar de que maneira, em meio à transição de uma formação social agrária de base escravocrata, para uma urbana, os apartamentos de edifícios em altura (principal signo arquitetônico de modernidade) incorporam, ainda que com certas adaptações, elementos da sociedade tradicional em suas plantas. Para tanto, o trabalho: analisa a natureza do trabalho doméstico no Brasil, utilizando como chave o método da interseccionalidade; remonta às origens do quarto de empregadas em residências do período colonial; relata o processo de incorporação desse cômodo no programa multifamiliar dos edifícios paulistanos a partir de uma perspectiva histórica; e analisa setenta e sete exemplares de projetos de edifícios residenciais produzidos para implantação na cidade de São Paulo. Adicionalmente, esta pesquisa incluiu testemunhos de pessoas que exerceram ou exercem a função de trabalhadora doméstica, abordagem que pretende, por um lado, desenvolver a noção de dispositivos espaciais de segregação e dominação e, por outro, investigar as experiências e a percepção do espaço arquitetônico pela ótica das mulheres que vivenciaram esses recintos ao longo do tempo. Desta maneira, conjugar os aspectos objetivos, advindos da prévia análise iconográfica, com os subjetivos, baseados na experiência de vida das empregadas domésticas nesses recintos. Acredita-se que os resultados deste trabalho contribuam tanto com o debate sobre as formas de concepção e apropriação do espaço residencial da arquitetura modernista, quanto com a reflexão acerca de como o ambiente construído pode se configurar como um aparato normativo que visa à legitimação de condutas de caráter exploratório do trabalho, mediante a consagração de ritos oriundos do mundo colonial/escravista no seio de uma sociedade urbana/capitalista.