Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Machado, Diorlon Nunes |
Orientador(a): |
Netto, Carlos Alexandre |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/265055
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Resumo: |
A hipóxia-isquemia neonatal (HI) é um dos principais fatores de risco causadores de distúrbios ao sistema nervoso central (SNC). A patogenia da HI se manifesta quando há uma insuficiência no fluxo sanguíneo ao SNC, causando lesão tecidual, morte celular, neuroinflamação, edema, estresse oxidativo e perturbações neurofisiológicas como o desequilíbrio entre excitação e inibição neuronal e perda sináptica. O GABA, neurotransmissor inibitório do SNC em adultos, é excitatório no início do neurodesenvolvimento e sua ação dependente da homeostase de cloreto neuronal, regulada pelos cotransportadores de cloreto NKCC1 (importa Cl-) e KCC2 (exporta Cl-). Em condições normais, a razão NKCC1/KCC2 reduz com o neurodesenvolvimento, mas a condição de HI pode alterar a expressão de NKCC1 e/ou KCC2 e a razão entre eles, resultando em distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Clinicamente, a hipotermia é a única terapia aprovada no tratamento da HI, porém possui várias limitações que incidem na eficácia, tornando conveniente a busca de tratamentos alternativos. A bumetanida, um inibidor de NKCC1, tem se destacado por seus efeitos neuroprotetores em vários distúrbios do SNC. Nesse sentido, este estudo avaliou os efeitos da bumetanida sobre os prejuízos da HI em dois períodos do neurodesenvolvimento. Ratos neonatos machos de 3 (DPN3) e 11 (DPN11) dias de vida, foram submetidos à cirurgia para a indução da HI, visando mimetizar neonatos humanos prematuros e nascidos a termo. A HI consiste na oclusão permanente da artéria carótida comum direita, seguida pela exposição à atmosfera hipóxica (92% de N2 e 8% de O2) por 120 minutos em ratos DPN3 e 60 minutos em ratos DPN11. Os animais foram divididos em dois grupos considerando a idade de indução do modelo: DPN3 e DPN11, com três subgrupos em cada: SHAM, HI-SAL e HI-BUM. A bumetanida (0,5 mg/kg) ou a solução salina (NaCl 0,9%) foi administrada via intraperitoneal 1h, 24h, 48h e 72h após a HI. Analisaram-se as proteínas NKCC1, KCC2, PSD-95 e sinaptofisina no hipocampo ipsilateral por Western blot. Executaram-se testes de reflexos neurológicos de geotaxia negativa e de endireitamento no período lactacional, e testes comportamentais de campo aberto, reconhecimento de objetos e labirinto aquático de Morris na fase adulta. Posteriormente, avaliou-se a atrofia tecidual e a morte celular por histologia. A HI induziu prejuízos nos reflexos neurológicos, na memória declarativa, na memória espacial, além de induzir um aumento na atividade locomotora, entretanto esses prejuízos foram atenuados pela bumetanida. A bumetanida preveniu a atrofia tecidual nas estruturas avaliadas e reduziu a morte de neurônios hipocampais, protegendo o tecido encefálico dos danos causados pela HI. A HI provocou uma redução no imunoconteúdo de KCC2, mas não alterou o imunoconteúdo de NKCC1, gerando uma razão NKCC1/KCC2 favorável à hiperexcitação GABAérgica. Houve redução no imunoconteúdo de PSD-95 atribuída à HI, porém não houve alteração no imunoconteúdo de sinaptofisina. Não houve diferenças significativas no efeito da HI e da bumetanida entre as idades. A bumetanida contribuiu na manutenção do tônus GABAérgico e na qualidade das sinapses, tornando-as mais próximas das condições fisiológicas basais. Os resultados sugerem que a bumetanida protegeu os animais contra os efeitos HI nos aspectos comportamentais, morfofisiológicos e bioquímicos. A bumetanida parece exercer um papel terapêutico importante sobre o SNC. |