Entre palcos, roteiros e enfrentamentos aos scripts de gênero na educação infantil: cenas de uma pesquisa com crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Moraes, Jéssica Tairâne de
Orientador(a): Felipe, Jane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/279382
Resumo: Nesta tese, lanço o olhar sobre as crianças e suas ações no contexto da Educação Infantil, percebendo de que forma e quais as estratégias que elas utilizam para romper as barreiras impostas socialmente no que se refere aos scripts de gênero. Tendo como aporte teórico os Estudos de Gênero e os Estudos da Sociologia da Infância, em uma perspectiva pós-estruturalista de análise, o foco principal desta pesquisa não foi apontar como elas incorporam as sentenças que recebem, como não brincar com determinado brinquedo ou não se portar de tal maneira, mas, sim, analisar as estratégias que elas próprias encontram para burlar e ressignificar tais imposições, que muitas vezes passam desapercebidas no contexto da escola. Tal movimento foi empreendido com o objetivo de acolher as lutas e as resistências das crianças, por vezes simbólicas, para, a partir delas, ampliar o debate sobre as questões de gênero na escola de Educação Infantil através da perspectiva da infância. Metodologicamente, a pesquisa, de cunho etnográfico, foi desenvolvida com um grupo de 17 crianças de 4 anos de idade de uma escola pública da Região Metropolitana de Porto Alegre. Para tanto, foram utilizados como instrumentos a observação participante, caderno de anotações do campo, registros fotográficos, gravações de áudios e espaços propositores para brincadeiras e ações das crianças. O emprego de diferentes estratégias e a possibilidade de (re)pensá-las durante todo o processo de pesquisa foram fundamentais para garantir os pressupostos éticos, de modo que as crianças pudessem ser ouvidas e respeitadas. Parte do estudo também foi realizado a partir de observações em escolas de Educação Infantil e sobre os modos de viver a infância na cidade de Oviedo / Espanha, através de um período de seis meses de doutorado sanduíche. Os resultados apontam para a necessidade emergente do reconhecimento da diversidade nos modos de viver a infância, considerando como as questões de gênero afetam essas experiências. As discussões sobre os scripts de gênero e as análises empreendidas a partir dos takes, cuts e close ups, propostos por Guacira Louro (2017), forneceram ferramentas analíticas importantes para compreender como meninas e meninos vivem, se relacionam e participam das propostas no contexto escolar, evidenciando detalhes das vivências das crianças que normalmente passam despercebidos no cotidiano. A pesquisa demonstrou que é possível e urgente suspender lógicas universalistas e eurocêntricas acerca da infância ao pensar em estratégias para garantir os direitos de proteção e participação das crianças na Educação Infantil. Assim, a partir do processo de pesquisa, sublinha-se a necessidade de investir em espaços inclusivos e participativos nas escolas brasileiras (e para além dela), onde as crianças possam expressar suas próprias narrativas e desafiar categorias tradicionais de gênero. Conclui-se, portanto, que um currículo inclusivo, uma formação docente adequada e políticas públicas que promovam ambientes mais livres e autênticos são fundamentais para garantir os direitos de proteção e participação das crianças no Sul Global.