Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Capelato, Rodrigo |
Orientador(a): |
Marzulo, Eber Pires |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/265998
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Resumo: |
Na perspectiva crítica de Marx, para além da capacidade de desmanchar toda a solidez da sociedade, o capitalismo seguiria sua marcha e, diante de ciclos de instabilidade, tenderia à sua autodestruição. Contudo, sem notícias de um fim, a partir da segunda metade dos anos 70, fundamentado nas crises acumuladas de um período protecionista, o capitalismo se reinventou a fim de manter a sua lógica exploratória e acumulativa, através de um casamento com separação total de bens entre o Estado e o mercado. Tomado por procedimentos experimentais legitimados, a ordem economicista revelou um metabolismo sistêmico e, por capilaridade, passou a interferir em todas as esferas da vida, inclusive alcançando campos de ação antes operados por lógicas distintas, como no caso dos direitos sociais convertidos em serviços rentáveis. Sua força motriz continuou acoplada ao trabalho, porém, para além da condição opressora do disciplinamento foucaultiano, investiu em processos sofisticados de subjetivação intencionada que estabilizou sua lógica ao transferir para o trabalhador a responsabilidade de empresariar a si mesmo, tendo que administrar sua relação sistêmica com o mundo social. Quando associada à variável tempo, a vida foi acelerada a ponto de fazer da existência uma experiência utilitária, controlada por um estado de falta constante diante de padrões inatingíveis que circulam de forma oportunista pela rede informacional, a esmagar do corpo, do pensamento e do desejo tudo que fazia do sujeito intrínseco e inerente. Neste mundo entre iguais, o outro se tornou uma ameaça e a cidade, reduzida a deslocamentos intencionais, foi esvaziada do seu poder político do encontro, do embate e da mistura, ficando disponível àqueles que nela intencionam fazer negócios. Condições exacerbadas quando, por necessidade de isolamento social, foram ajustadas devido à pandemia do coronavírus (COVID-19). Diante das notícias do tempo do agora, é vontade deste trabalho pensar táticas capazes de oportunizar formas outras de existir: o possível em devir desobediente. Certo de que este objetivo versa de uma condição-fim, dependente de uma investigação capaz de evidenciar um mundo de possibilidades outras diante da vivacidade reversora da desobediência, propõe-se uma trajetória a partir de seu avesso mediante uma análise interrelacional entre o CONTEXTO neoliberal (teoria de fundo), a produção estratégica do ESPAÇO (teoria do problema específico) e suas interações objetivas e subjetivas com SUJEITO(s), a fim de demonstrar – enquanto hipótese – que a força estruturada desta tríade faz da obediência ao capitalismo uma manobra cínica que mantém e estabiliza as intenções perversas do neoliberalismo. Com vistas ao referido pressuposto, a variável espaço, por adesão ao modelo estratégico, foi personalizada através do Pla Estratègic Econòmic i Social – Barcelona 2000 (1990), do Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro – Rio Sempre Rio (1996) e do Plano Diretor de Reabilitação do Centro de Manaus (2015), que - na qualidade de objetos empíricos da pesquisa - revelaram intenções peculiares junto à competitividade das cidades. Todavia, quando comparados por analogia (procedimento metodológico) mediante variáveis determinadas (intenções, operacionalizações e produtos), os planos, diante de influências-fluxo advindas de estratégias de subordinação e interdependência empregadas pelo sistema-mundo, ratificaram a centralidade gestora e a exploração capitalista, respectivamente, associando as intenções e seus produtos às suas viabilidades operacionais. Se CONTEXTO e ESPAÇO estabilizam a ordem posta, é do SUJEITO a possibilidade de alcançar o objetivo intencionado. Assim, sob o argumento de que os processos de subjetivação capitalista cooptaram da mão de obra somente a sua parte interessada (produção associada à exploração e à acumulação), convém revelar dos outros de si mesmo aquilo que o faz esgotado, enquanto possibilidades em devir de investir o mundo social através de ações táticas desobedientes capazes de ameaçar as imposições macropolíticas do Estado e dos centros de poder a ele filiado e, por efeito, de romper com o pessimismo que tem reduzido a vida a um estado de mera sobrevivência. |