Estrutura da vegetação da floresta paludosa da restinga no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Mancino, Luciana Carla
Orientador(a): Baptista, Luis Rios de Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/164360
Resumo: As florestas que ocorrem na planície costeira brasileira podem ser classificadas em Florestas Arenosas (FAR) e Paludosas da Restinga (FPR). A inundação constante nos solos das FPR sustentam comunidades pobres em espécies. Mas, nos locais com inundações curtas, a riqueza de espécies pode ser ainda maior do que florestas adjacentes bem drenadas. O objetivo geral foi determinar o padrão florístico-estrutural do componente arbóreo e herbáceo da FPR em três áreas localizadas em Içara (IÇA) e Balneário Arroio do Silva (BAS), em Santa Catarina e Morrinhos do Sul (MDS), no Rio Grande do Sul, determinar os fatores ambientais que influenciam esses componentes, mostrar as diferenças nos padrões do componente arbóreo entre FPR e FAR e propor o seu reconhecimento como distintas fisionomias da Restinga. Esta tese compreende três capítulos (artigos). No primeiro capítulo, analisamos variações no padrão florístico-estrutural do componente arbóreo em três áreas da FPR no nordeste do Rio Grande do Sul e Sul de Santa Catarina. Hipotetizamos que locais com condições ambientais mais estressantes tivesse menor diversidade e que a grande variação no regime hidrológico e condições físico-químicas do solo deveria resultar em diferenças na estrutura e composição de espécies. No segundo capítulo, avaliamos a estrutura do componente herbáceo-terrícola e e sua correlação com a luminosidade, fertilidade edáfica, microtopografia e a cobertura de palmeiras. O terceiro capítulo buscou determinar se havia diferenças no padrão florístico-estrutural do componente arbóreo das FPR e FAR, seus hábitats e suas relações com fatores de solo, latitude, com base neste e em outros levantamentos no Sul do Brasil. Foram instaladas 13 parcelas de 100 m² (20 x 50 m) para o levantamento das árvores e de 13 parcelas de 5 m² (1 x 5 m contíguas) para as espécies herbáceas em cada uma das áreas. Os fatores ambientais analisados foram os parâmetros químicos e físico-hídricos do solo (0-15 cm de profundidade), a microtopografia, a abertura do dossel (luz) e a cobertura de palmeiras. As espécies arbóreas (capítulo 1) com CAP ≥ 12 cm (ou DAP ≥ 3,8 cm) e altura ≥ 3 m foram registradas e avaliadas pela densidade, frequência, altura e diversidade. As espécies herbáceas terrícolas (capítulo 2) foram avaliadas pela riqueza e cobertura, e através de análises multivariadas (Análise de Correspondência Canônica - CCA) com a matriz das espécies e das variáveis ambientais com alta correlação. A luminosidade foi determinada a partir de fotografias hemisféricas do dossel. No capítulo 3, utilizamos as espécies arbóreas de estudos científicos com DAP ≥ 5 cm e realizamos uma NPManova para mostrar as diferenças florístico-estruturais entre FPR e FAR e uma CCA com a matriz das espécies e com o tipo de solo, precipitação, altitude e latitude. As FPR apresentaram abertura do dossel, características de solo e microtopografia muito variáveis, baixa similaridade florística entre as áreas e elevada riqueza de espécies herbáceas terrícolas e arbóreas. No primeiro capítulo, encontramos nas três áreas 111 espécies arbóreas e 40 famílias com muito baixa similaridade florística entre as áreas. As três áreas apresentaram diferenças na composicão e estrutura devido a presença de muitas espécies com baixa frequência e ampla distribuição (Mata Atlântica) em locais sem inundação constante, contribuindo para a manutenção da diversidade regional no Sul do Brasil. No segundo capítulo, registramos 41 espécies herbáceas terrícolas pertencentes à 20 famílias. A média de riqueza e cobertura de ervas foi significativamente diferente entre as áreas, como também a variação do regime de luz, cobertura de palmeiras e vários parâmetros do solo. Monilófitas se destacaram em riqueza e monocotiledôneas em cobertura. Mostramos a influência da luminosidade e alguns parâmetros do solo sobre a cobertura vegetal, explicando a separação de grupos de espécies, em termos de preferência de habitat. No terceiro capítulo, os estudos compilados continham 265 espécies arbóreas da FPR e 109 na FAR e as claras diferenças florístico-estruturais entre essas fisionomias tornaram-se óbvias. A CCA indicou que as espécies foram influenciadas principalmente pelas características dos solos e microtopográficas, ligadas à frequência de inundação. Os resultados obtidos neste estudo em termos de riqueza de espécies arbóreas e herbáceas foram um tanto surpreendentes. Nossas análises confirmaram as diferenças de solo e florístico-estruturais entre as FPR e as FAR. Essas diferenças florístico-estruturais são suficientemente claras para permitir a consideração dessas fisionomias tão distintas da Restinga, essenciais para sua devida conservação.