Tratamento crônico com lítio em um modelo de estresse crônico variável : efeitos sobre a nocicepção, a ansiedade, a memória espacial, e sobre o imunoconteúdo de beta-tubulina III e proteína glial fibrilar ácida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Bittencourt, Ana Paula Santana de Vasconcellos
Orientador(a): Dalmaz, Carla
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/275816
Resumo: O termo estresse é utilizado para definir o conjunto de alterações adaptativas do organismo, que objetivam a reação a estímulos nocivos e restabelecimento da homeostase. O principal evento da resposta ao estresse é a síntese e liberação de glicocorticóides, devido à ativação do sistema límbico-hipotálamo- pituitária-adrenal (LHPA), o que, por tempo prolongado, pode levar a perda neuronal ou atrofia dendrítica. A hiperativação do eixo LHPA também ocorre na depressão, o que leva a sugerir que as duas patologias tenham mecanismos de ação semelhantes, e ainda que a terapia antidepressiva poderia ser utilizada no tratamento ou prevenção dos efeitos do estresse crônico. Uma das alternativas terapêuticas na depressão é o tratamento com sais de lítio, utilizado principalmente nos distúrbios bipolares. Estes sais atuam por diversos mecanismos, que vão de transdução de sinal à expressão gênica, e recentes estudos sugerem um novo aspecto do tratamento com lítio: a neuroproteção. Para testar a hipótese de efeito neuroprotetor do lítio sobre o estresse, utilizamos um modelo de estresse crônico variável previamente estabelecido em nosso laboratório, que consiste na aplicação de sete diferentes agentes estressores (imobilização, imobilização mais frio, luz piscante, inclinação, barulho, nado forçado e isolamento, aplicados aleatoriamente e com duração variável) durante quarenta dias, durante os quais , metade dos animais foram tratados com ração contendo cloreto de lítio. Ao final do tratamento, foram realizadas as seguintes tarefas comportamentais: Medida de Latência de Retirada da Cauda com exposição à novidade, onde todos os animais apresentaram efeito da novidade; Exposição ao Campo Aberto, em que todos os animais apresentaram efeito da sessão, havendo diferença apenas na latência para sair do primeiro quadrado; Labirinto em Cruz Elevado, onde o tratamento com lítio induziu efeito ansiolítico; Esquiva Inibitória, em que todos os animais apresentaram memória adequada; e Labirinto Aquático, onde o efeito prejudicial do estresse sobre a memória de referência foi revertido pelo tratamento crônico com lítio. Na tentativa de avaliar os correlatos neuroquímicos destes resultados, foram realizadas medidas de imunoconteúdo de duas proteínas cerebrais - beta-tubulina e GFAP - no córtex cerebral, amígdala e três diferentes regiões do hipocampo - CA1, GD e CA3 - dos animais. Os resultados obtidos demonstraram não haver diferenças significativas em nenhum destes parâmetros, excetuando uma alteração dos níveis de beta-tubulina encontrada no córtex do hemisfério direito de todos os grupos, sugerindo que as alterações neuronais responsáveis pelos efeitos verificados no comportamento sejam muito sutis para determinação por imunorreatividade, e que o lítio tenha atuado por mecanismos outros que não a gliose reativa.