Reterritorializações de agricultores migrantes compulsórios : racionalidades, representações e cidadania

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Carini, Joel João
Orientador(a): Gehlen, Ivaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/36385
Resumo: Esta tese tem como tema o processo de reterritorialização de agricultores familiares da Terra Indígena de Serrinha (TIS), situada no Norte do Rio Grande do Sul. Esses agricultores se tornaram migrantes compulsórios, recentemente, após terem sido desalojados de suas terras, ilegalmente ocupadas ao longo das décadas de 1950 e 1960. Contemporaneamente, no Brasil, dentre as causas das migrações compulsórias de agricultores, destacam-se: a realização de obras públicas como barragens; a demarcação de áreas de preservação ambiental e a re-demarcação de terras destinadas às comunidades indígenas e remanescentes de quilombos. Parte-se do princípio de que esses agricultores desalojados busquem sua reterritorialização no meio rural a fim de assegurar e ampliar sua cidadania. Considerado este contexto, analisa-se a relevância das estratégias de reterritorialização, os resultados alcançados e as mudanças entre os reterritorializados, por meio da investigação das performances socioeconômicas e das representações sociais dos agricultores. Para tanto, o estudo ancorou-se no método weberiano de tipos ideais, mediante a definição de três tipos de agricultores: 1) tradicionais, 2) modernizados e 3) semimodernizados, construídos a partir de indicadores econômicos, tecnológico-produtivos e socioculturais. A pesquisa de campo foi realizada através da survey de questionário estruturado e de entrevistas semiestruturadas. Concluiu-se que, no processo de reterritorialização, as racionalidades são determinadas pelos diferentes modos de (re)inserção dos agricultores em um novo território e geram mudanças que acompanham a evolução dos processos produtivos, tecnológicos e mercadológicos, porém, elas também reforçam permanências expressivas da tradicionalidade nas formas de produzir e de vida societária rural. Os agricultores modernizados melhoram suas condições de vida e aumentam seu patrimônio, ao passo que os tradicionais mantêm inalteradas suas condições econômico-sociais e permanecem excluídos dos processos de modernização capitalista. Os semimodernizados, mesmo aderindo a algumas tecnologias modernas, encontram dificuldades para se reterritorializarem no meio rural, devido à redução da capacidade de trabalho, o que induz à terceirização de serviços e à redução do número de atividades ou fontes de renda. Observou-se ainda que as reterritorializações de agricultores migrantes compulsórios reproduzem as desigualdades sociais, redundando em cidadanias diferenciadas que se expressam na convivência comunitária e nas relações de reciprocidade estabelecidas no novo território.