Perspectivas e práticas dos professores : entre a abnegação e a resignação frente as desigualdades escolares e sociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Kieling, Francisco dos Santos
Orientador(a): Neves, Clarissa Eckert Baeta
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211504
Resumo: A presente tese tem como objetivo compreender como professores do Ensino Fundamental, de um pequeno município do interior do estado do Rio Grande do Sul, entendem suas ações diante das desigualdades sociais que atravessam as escolas a partir das origens sociais dos estudantes. Buscamos na articulação das teorias das Formas de Consciência e da Ação Dialógica de Paulo Freire e na diferenciação entre sistemas de ensino massificadores ou individualizadores de pedagogias, de François Dubet et.al., o suporte para construir as perspectivas diferenciadas que presidem a ação dos professores diante das desigualdades sociais. A teoria das classes sociais de Jessé Souza sustentou nossa análise das desigualdades presentes nas escolas. Reconstruímos quantitativamente ao longo da investigação as principais barreiras existentes no Ensino Fundamental brasileiro, o que o situa como um sistema massificador de soluções educacionais. A partir da constituição de uma coorte de estudantes do município onde realizamos a pesquisa demonstramos as desigualdades que afetavam diretamente o espaço de trabalho dos professores. Qualitativamente, realizamos e analisamos 15 entrevistas narrativas com professores de diferentes níveis e áreas de formação que trabalhavam em escolas urbanas do município. A abordagem das contingências e possibilidades do sistema de ensino, das escolas e dos próprios docentes permitiram evidenciar a existência de concepções diferenciadas entre os professores sobre a função escolar e sobre o modo como as dificuldades estudantis eram mediadas institucional, coletiva e individualmente. Foi possível relacionar as dimensões específicas que permeiam o trabalho escolar com as formas de consciência social que as sustentam e as justificam. A distinção entre práticas que buscam atender as demandas escolares dos estudantes leva esses professores ora a uma ação individualizada, dando ênfase ao acompanhamento dos estudantes com maiores dificuldades; ora a uma ação massificada, dando primazia aos conteúdos escolares em favor daqueles que se demonstram adaptados às rotinas escolares. Essa divisão separa as perspectivas ampla e restrita. Elas sintetizam a ideia da escola como direito de todos, o que exige a adaptação institucional para a acolhida e mediação das particularidades que emergem entre os estudantes (perspectiva ampla); e, em oposição, a compreensão da escola como um espaço de oferta de oportunidades a serem aproveitadas pelos estudantes (perspectiva restrita), demandando desses a adaptação à instituição. Em nossa análise vislumbramos o potencial da escola possibilitar, no atendimento das peculiaridades estudantis, a constituição de trajetórias diferenciadas dentro da etapa da educação básica (perspectiva aberta) ou de uma trajetória única (perspectiva fechada), culminando na configuração de três grupos de professores sintetizados nas perspectivas restrita-fechada; ampla-fechada; e ampla-aberta, evidenciando a diversidade de concepções que atravessam o corpo docente das escolas onde realizamos a investigação. Por fim, concluímos que a origem dessa diversidade está no modo como os professores constroem o sentido das próprias experiências docentes e estudantis – ou inclusivo ou seletivo.