O Brasil lê María Luisa Bombal : o sistema e suas traduções

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Kahmann, Andrea Cristiane
Orientador(a): Rodrigues, Sara Viola
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/156329
Resumo: Este trabalho propõe compreender a tradução e a recepção das novelas de María Luisa Bombal no Brasil por meio de um enfoque duplo: manipulação do texto e manipulação da fama literária, tomando por base os postulados teóricos de Lefevere. Para tanto, os seguintes textos traduzidos são comparados entre si e com seus originais: Entre a vida e o sonho (tradução de House of mist, feita por Carlos Lacerda, para a editora Irmãos Pongetti, en 1949), duas traduções de A última névoa (La última niebla) - uma da editora Difel, datada de 1985, e que apresenta Neide T. M. González como tradutora; outra, de 2013, assinada por Laura Janina Hosiasson para a Cosac Naify – e duas traduções de A amortalhada (La amortajada): uma, de 1986, traduzida por Aurora Fornoni Bernardini e Alicia Ferrari del Pardo, para a Difel; outra, de 2013, de Laura Janina Hosiasson e publicada pela Cosac Naify na mesma edição de A última névoa. Esta pesquisa segue modelo próprio, baseado no método comparatista, mas sem vinculação com uma teoria ou uma metodologia específica, o que seria reducionista. Seguindo Berman, esta tese é caracterizada por sua heterogeneidade e ausência de forma, em função de seu compromisso com a extrapolação da análise ingênua que avalia diretamente e confronta textos sem compreender o sistema ou o porquê desse sistema. Portanto, não somente os textos, mas também o sistema em que eles se inserem são analisados sob uma perspectiva complexa e atenta à história, à sociedade, à poética com a qual esses textos dialogam, e também à instituição, suas regras e seus mecanismos de sanções e recompensas nem sempre explícitos Evan-Zohar, Toury, Bourdieu, Venuti, Bassnett e Lefevere são alguns dos teóricos em que se fundamentam essas análises. O conceito de tradução que, de modo invisível, assume o papel de tertium comparationis é abordado nos dois primeiros capítulos: o segundo, mais contemporâneo; o primeiro, dedicado à sua evolução histórica, de Roma até a emergência dos estudos de tradução como campo específico. Os esforços de compreensão da história e da história da tradução, que flutuam por todas as páginas desta tese, são dirigidos ao sistema-alvo, o sistema brasileiro, quando das análises sobre a tradução de Carlos Lacerda (quarto capítulo) e as traduções provenientes da língua espanhola (quinto capítulo). No entanto, e apesar de que os textos se escrevem em uma língua e se inscrevem em uma cultura, a tradução literária se deve ocupar da obra, e toda tradução de obra é uma tradução de texto autoral. María Luisa Bombal é a força motriz de todas as discussões desta tese, mas o terceiro capítulo lhe é totalmente dedicado: autora, obra, idioleto, ideologia, capitais incorporados, relações com as tradições literárias, com seus contemporâneos, com os agentes literários, com a cultura de massa e com a tradução. Enquanto isso, e ao longo de todos os capítulos, são apresentadas reflexões sobre o fenômeno tradutório para além do linguístico, como fato social e não desvinculado de ideologias e interferências por parte da censura, do mecenato, e da tradução mesma, como ato carregado de violência epistêmica especialmente quando se fala por ou se fala para o subalterno.