Paleoecologia de diatomáceas como subsídios para o conhecimento da evolução paleogeográfica da região costeira do Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Santos, Cristiane Bahi dos
Orientador(a): Corrêa, Iran Carlos Stalliviere
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/130574
Resumo: A partir da premissa de que os estudos de sistemas fluviais de vales incisos desenvolvidos em sistemas lagunares são essenciais para o entendimento da influência das mudanças do nível do mar, na evolução de costas dominadas por ondas, uma abordagem multidisciplinar envolvendo sísmica de alta resolução e análise de diatomáceas é proposta. As diatomáceas encontradas em testemunhos, obtidos em distintos ambientes da zona costeira do Rio Grande do Sul, e amostras superficiais coletadas no interior da Lagoa dos Patos, fornecem a base para a realização de detalhadas interpretações paleogeográficas, paleoambientais e paleoecológicas da região costeira do Sul do Brasil. Três sistemas de vales e canais incisos, identificados através de mapeamentos sistemáticos de superfícies sísmicas no interior da Lagoa dos Patos, fazem parte da estratigrafia desta área costeira. Superfícies erosionais bem definidas são relacionadas a dois dos maiores períodos de rebaixamento do nível do mar ocorrendo simultaneamente aos estágios isotópicos marinhos 6 e 2. Os elementos arquiteturais sismoestratigráficos revelam proeminentes vales incisos de até 10 km de largura com preenchimento sedimentar de até 40 m de espessura. Os testemunhos foram relacionados aos perfis sísmicos com a finalidade de complementar as interpretações a partir dos registros sísmicoestratigráficos obtidos. A posterior integração destes dados aos registros de diatomáceas fornece uma base fundamental na determinação da natureza do preenchimento sedimentar de sistemas subtropicais incisos dos rios Jacuí e Camaquã. Diatomáceas fósseis e modernas são comparadas através de análises estatísticas multivariadas, que sugerem mudanças na composição e distribuição espacial dos taxa em distintos ambientes da zona costeira do Rio Grande do Sul. O taxon marinho Paralia sulcata é dominante em todos os testemunhos, ocorrendo continuamente desde o Pleistoceno tardio até o Holoceno, mas esta espécie é considerada rara nas comunidades atuais. As espécies dulciaquícolas ocorrem continuamente, sendo registradas em baixas densidades em períodos anteriores e posteriores ao último evento glacial e durante o Holoceno, em contraste com o máximo regressivo, quando são encontradas em altas densidades. A distribuição espacial de diatomáceas atuais é controlada pelo gradiente de salinidade, ação dos ventos e fatores climáticos fortementes influenciados pelos eventos El Niño/La Niña. Atualmente, os sedimentos do fundo da Lagoa dos Patos são dominados por espécies dulciaquícolas planctônicas Aulacoseira veraluciae e Aulacoseira sp.2 seguidas da espécie marinha-estuarina Cyclotella litoralis. As diatomáceas mais representativas são destacadas como excelentes indicadores de mudanças ambientais que incluem salinidade, composição sedimentar e ativo transporte através dos sistemas de vales incisos. Adicionalmente são fornecidos consistentes resultados e percepções sobre a evolução costeira e as condições hidrodinâmicas lagunares durante o Pleistoceno tardio e Holoceno, que contrastam com a configuração costeira moderna. Este estudo sugere que a Planície Costeira foi profundamente dissecada por sistemas de vales e canais incisos antes da implantação da paisagem costeira atual.