O governo de corpos negros e a postergação da morte: técnicas de fazer saúde no interior de uma cadeia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Carolina Martins dos
Orientador(a): Magalhães, Alexandre Almeida de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249739
Resumo: Este estudo objetivou identificar as condições e possibilidades de efetivação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) na unidade de saúde prisional do Presídio Central de Porto Alegre (PCPA) e, ainda, compreender se a raça se constitui como fator primordial para a distribuição de cuidados em saúde dentro do sistema prisional. A pesquisa buscou considerar os elementos raça-saúde-prisão enquanto uma tríade que culmina no governo dos corpos negros, colocando-os às margens das práticas de cuidado. O diálogo foi realizado constantemente com os resultados do questionário disponibilizado aos profissionais de saúde da UBSp, como forma de interpretar as práticas de saúde neste cenário através do olhar do trabalhador. Ademais, as vivências pessoais e profissionais da autora deste trabalho também foram mobilizadas como forma de enriquecer o debate. A amostra da pesquisa foi composta por 12 profissionais de saúde de 4 diferentes profissões (assistente social, psicólogo(a), enfermeiro(a), técnicos(as) e auxiliares de enfermagem). Os questionamentos se referiram ao perfil dos profissionais, sobre sua atuação no equipamento de saúde prisional e seu entendimento acerca dos pressupostos da PNSIPN. A análise dos dados obtidos centrou-se em estudos de diversas áreas do saber e que tratavam sobre o sistema prisional, raça e saúde. Depreendeu-se, através desta pesquisa, a ínfima produção científica sobre a saúde de homens negros privados de liberdade, resultando, neste sentido, no desmembramento dos principais descritores que ancoram a discussão. Verificou-se que há tensionamentos e resistências para a operacionalização dos pressupostos da PNSIPN, ancoradas em discursos que subjazem à relação democrática e igualitária entre as raças. Todavia, foi possível também verificar que a política de saúde no cenário prisional adquire contornos de resistência para que possa existir e para que seja possível, desta forma, atuar na postergação das mortes, em especial as negras.