Intervenção através de smartphone para sintomas depressivos : ensaio clínico randomizado, de não inferioridade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bebber, Júlio César
Orientador(a): Passos, Ives Cavalcante
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/277139
Resumo: A depressão é uma condição de saúde mental prevalente e com um significativo ônus global. Os sintomas depressivos comprometem aspectos pessoais, físicos, sociais e profissionais. Apesar de tal impacto, o acesso ao tratamento permanece limitado, destacando a urgência de abordagens inovadoras. A psiquiatria digital, principalmente através de intervenções baseadas em aplicativos de smartphone, emerge como uma via promissora para ampliar o acesso a tratamentos baseados em evidências. Realizou-se um ensaio clínico randomizado, de não inferioridade, com três braços para avaliar a eficácia e segurança de uma intervenção baseada em aplicativo de smartphone em comparação com a terapia cognitivo-comportamental em grupo (TCCG) na redução dos sintomas depressivos. Inclui-se um grupo controle de lista de espera (LE) para comparações adicionais. 109 participantes, com escores da PHQ-9 ≥ 9 foram randomizados em três grupos. Os sintomas depressivos foram avaliados, através da PHQ-9, a cada 4 semanas por 12 semanas nos braços de intervenção. Avaliou-se, também, sintomas de ansiedade, solidão e efeitos adversos relacionados ao tratamento. O limite superior máximo para o intervalo de confiança de 95% da média da PHQ-9 entre os grupos foi estabelecido para não ser maior que 2, considerando um alfa unicaudal de 5% para a margem de não inferioridade. Dos 109 participantes, 10 declinaram após a randomização. Entre os 99, 21 foram considerados desistentes por não completarem as avaliações. Portanto, finalizamos com 59 participantes designados à intervenção (21 TCCG; 38 aplicativo) e 19 no grupo LE. As características demográficas dos 59 indivíduos apresentaram homogeneidade entre os grupos: mulheres (92%), brancas (61%), idade mediana de 40 anos (33, 49) e níveis relativamente altos de renda e educação. Em uma análise de intenção de tratar, o estudo indicou uma diminuição nos escores de depressão ao longo do tempo em ambos os grupos (p<0,001) e uma média basal de sintomas depressivos significativamente menor no grupo aplicativo em comparação com TCCG (p = 0,036). Além disso, houve um efeito de interação positivo e significativo entre o tempo e o grupo de tratamento (β = 1,32, IC 95% [0,14, 2,50] p = 0,028), indicando uma menor magnitude de melhora no grupo aplicativo. Padrões semelhantes foram observados para sintomas de ansiedade, no entanto sem diferença significativa entre os grupos. O teste t de Welch indicou um efeito negativo, estatisticamente significativo e grande (diferença Δ PHQ-9 entre os grupos = -3,02 p = 0,020), sugerindo que, apesar de uma redução notável dos sintomas depressivos em ambos os grupos, não podemos assumir a não inferioridade do aplicativo em relação a TCCG. A adesão aos critérios de tratamento foi maior no grupo TCCG em comparação ao aplicativo. Embora nossos resultados careçam de significância estatística, uma redução notável nos sintomas depressivos é observada nos indivíduos do grupo aplicativo. Limitações, como altas taxas de desistência, baixo tamanho amostral e menores escores médios de PHQ-9 no grupo aplicativo podem ter influenciado os resultados. Salienta-se a necessidade de mais estudos nessa área para avaliar a eficácia e escalabilidade a longo prazo das intervenções digitais em saúde mental.